O novo “Rato que ruge”

14/04/2013
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Na minha juventude tive o prazer de assistir um filme com o título “O Rato que Ruge” (The Mouse that Roared). O filme era uma sátira bem humorada, com o imortal Peter Sellers, sobre um pequeno país ou ducado (Grão-Ducado de Fenwick)  incrustado na Europa em grave crise financeira  que declara guerra aos Estados Unidos. A intenção clara era perder a guerra para salvar da falência eminente, - uma hipótese engendrada pelos seus governantes - para receberem ajuda econômica de pós-guerra, como ocorreu com a Alemanha. Assim seus problemas econômicos terminariam. Desta forma 20 homens armados de arco e flecha tomam uma barcaça, atravessam o Atlântico chegam a América e tudo corre bem. Mas um problema acontece: eles ganham a guerra, que não era plano de seus governantes.
 
Parece que a profecia (menos o desfecho) agora está querendo se concretizar com novos personagens e ingredientes. O enredo para quem viu o filme é idêntico ao que se está esperando sobre a Coréia do Norte. A diferença de hoje é que não se está brincando de arco e flechas, mas bombas atômicas. As coisas são muito mais sérias do que aquela singela comédia. Segundo informações filtradas pela imprensa internacional, o arsenal é significativamente superior ao da Coréia do Sul.
 
Não deixa de ser curioso que o pano de fundo é o mesmo, uma grave crise econômico/financeira. Infelizmente um jogo perigoso demais, pela perda de vidas humanas que podem ocorrer se não houver acordos. Se houver, certamente será com ganho de recursos, pois para ninguém interessa a guerra.
 
Na atual crise econômica mundial, para os Estados Unidos aliados da Coréia do Sul é melhor negociar oferecendo recursos no mesmo valor que teriam com um conflito real. Em vez de perderem recursos, pessoas, materiais, fazer uma “doação” deste valor, para eles (EUA) uma titica, bem mais barato que o custo de um conflito real. Não vale apena brigar. Esta é a chantagem ou blefe da Coréia do Norte. Em guerra nunca se subestima o adversário.
 
Por outro lado, se  a Coréia do Norte buscar o sacrifício de sua nação pelo caminho da guerra, será uma destruição total. Haverá neste caso,  aportes de recursos para reerguer a nação, mas, não mais com os atuais mandantes que serão varridos do mapa. Este será o preço a ser pago pela tirania.
 
Entretanto, o filme de hoje tem novos personagens e novas nuances. O “rato” tem um vizinho muito forte que poderão acudi-los: a China que lhe faz fronteira. Pelo tabuleiro da política internacional, nada indicam a simpatia dela neste sentido. A China atual está muito mais preocupada de tirar seu país da miséria; de atender uma população imensa, desejosa dos frutos do progresso. A Coréia do Norte, embora seja um país da mesma linha ideológica da China; seus métodos de governar “Stalino-gulaguiano-esclerótico-surrealista” (do blog Paulo Roberto de Almeida), tendo a frente um jovem imaturo; não mais simpatiza qualquer país deste mundo globalizado.  
 
Vê-se assim, que o rato de hoje não terá a mesma chance de sucesso, nesta aventura suicida. Espera-se que o bom senso prevaleça. Enquanto o rato ruge, a depauperização do país levará a sua implosão, onde haverá a reunificação da península coreana, tal como aconteceu com a Alemanha.
 
- Sergio Sebold – Economista e Professor Independente.
 
https://www.alainet.org/pt/articulo/75351

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