Fórum Social Mundial termina com maior marcha popular já vista em Mumbai

21/01/2004
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Os milhares de participantes do 4o. Fórum Social Mundial (FSM) tomaram, hoje, as ruas de Mumbai, na Índia, no último dia do maior evento internacional da sociedade civil, provocando caos no já congestionado trânsito da cidade. Foi a maior marcha já vista em Mumbai. Agitando bandeiras, cartazes e faixas e pedindo um mundo melhor, os mais de 75 mil delegados inscritos no FSM caminharam durante duas horas até chegar ao Agad Maidan, um espaço aberto no centro da cidade, onde shows com músicos de vários países, entre eles o ministro Gilberto Gil, prosseguem até o final da noite. "É um grande carnaval social mundial", disse a ambientalista brasileira Raquel Trajberg, da Aliança por um Mundo Social e Responsável. "Essas pessoas que nunca tiveram voz estão precisando se expressar e mostrar ao mundo que existem", acrescentou. As camadas populares inscritas no Fórum pouco participaram dos debates, até pela falta de estrutura para garantir tradução das discussões para tantas pessoas, mas marcaram forte presença nas vias do centro de exposições Nesco Ground, onde ocorreu o FSM, com seus tambores e faixas. A marcha pelas ruas de Mumbai foi o ápice das manifestações realizadas durante todos os cincos dias de debates pelos grupos de excluídos. Força para resistência Para o sociólogo português Boaventura de Souza Santos, Mumbai não será a mesma depois desse evento. "Penso que as forças que resistem a esse governo de direita que está aí se sentem mais animadas porque, de alguma maneira, há uma legitimação internacional para as suas lutas", disse Boaventura, referindo-se à resistência dos grupos sociais à administração municipal de Mumbai , que não dialoga com as organizações não-governamentais. Medha Patkar, um dos maiores líderes ambientalistas da Índia, concorda com a análise do sociólogo português. Segundo ele, a organização do Fórum por cerca de 100 movimentos indianos mostrou que, apesar das diferenças ideológicas, políticas e religiosas, a sociedade civil na Índia pode se unir e construir alianças estratégicas para lutar por direitos humanos, respeito à mulher, melhoria da qualidade de vida e outras causas sociais. O grande desafio do FMS, cuja lema é "um outro mundo é possível", é fazer com que toda essa energia e diversidade vistas em Mumbai sejam capitalizadas politicamente em prol da unidade das lutas e reivindicações dos movimentos sociais, disse Geraldo Fontes, da secretaria de relações internacionais do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). * Márcia Detoni, Agência Brasil. http://fsm2004.rits.org.br/conteudo.asp?conteudo_id=103
https://www.alainet.org/pt/articulo/109212
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