Em referendo constitucional

Bolivianos decidem sobre reeleição de Evo

A preocupação da oposição é que existe toda uma geração de políticos que sua última oportunidade de ser candidato será em 2019.

18/02/2016
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"Sim" é defendido por apoiadores do presidente Evo Morales (Foto: Sebastián Soto) bolivia camapana si
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Santa Cruz de la Sierra.- Com mais de dez milhões de habitantes, a Bolívia viverá no próximo domingo (21) mais um processo eleitoral. Em questão estará a reforma do artigo 168 da Constituição que define as reeleições no país. São duas opções: a do “Sí”, defendida pelos apoiadores do presidente Evo Morales e que autoriza o mandatário e seu vice a duas reeleições consecutivas; e a opção do “No”, defendida pela oposição ao governo e que impede a modificação do artigo, que atualmente autoriza apenas uma reeleição. 

 

Se sai vitoriosa a opção “Sim”, Evo Morales e seu vice-presidente, Álvaro García Linera, ganham o direito a concorrer nas eleições que acontecerão em 2019.

 

Primeiro presidente indígena da história da Bolívia, país onde mais de 60% da população é de povos originários, Morales foi eleito pela primeira vez em 2005 e depois reeleito nos anos de 2009 e 2014. Desde 2009, o país conta com uma nova Constituição, que proclamou o Estado Plurinacional da Bolívia, mecanismo jurídico que reconhece e dá poder às comunidades milenares indígenas daquele país.

 

Sim ou não?

 

Em Santa Cruz de la Sierra, distrito majoritariamente governado pela direita boliviana, o clima de eleição já está presente nos mercados, praças, ruas e nas paredes da cidade, onde defensores do “Sí” e do “No” se revezam na colagem de cartazes e pichações que expressam seus votos no dia do referendo constitucional. Na praça principal da cidade, a 24 de setembro, não é difícil achar alguém que queira expressar seu ponto de vista sobre o país e o próximo processo eleitoral.

 

Moradora da cidade de Sucre, no sul do país, a trabalhadora autônoma Kathy Paz, que passa férias com sua família em Santa Cruz, é enfática ao falar da importância da consulta popular que acontecerá no próximo domingo. “As pessoas terão a oportunidade de eleger novamente e saber o que estão pensando atualmente. Há 10 anos o povo estava cansado do mesmo processo e das mesmas políticas que existiam. Havia a expectativa da vitória de Evo. Ele ganhou e nesses 10 anos que está governando fez um papel muito importante”, declarou.

 

Outros, no entanto, apesar de reconhecerem que houve avanços com o governo de Evo Morales, votarão pela opção “No”. “Eu acho que a mudança da Constituição é algo ruim. Parte do povo apoia o 'não' porque seria uma mudança de Constituição radical. Se ganha o 'sim', teríamos cinco anos mais de Evo”, critica o estudante Cristian Mattos, de 18 anos, que votará pela primeira vez neste referendo. 

 

Ditadura democrática?

 

O processo eleitoral também tem servido para a criação de novos conceitos políticos. Em uma das atividades do “No”, um discurso que por ali predominava era a denúncia de que Evo Morales quer implementar uma ditadura no país. Ao ser questionado por que implementar uma ditadura se o governo está utilizando um refendendo democrático, o engenheiro Ruben Peña adjetiva o atual governo nacional como uma “ditadura democrática”. 

 

“O governo compra os outros poderes. O poder Judiciário que é corrupto, o poder Executivo que são eles mesmos, o poder Legislativo, o Exército, a polícia. É incrível a capacidade de comprar com corrupção que tem esse governo. Até agora vivemos uma ‘ditadura democrática’”, disparou o eleitor do “No”. 

 

Acusação que não fica sem resposta. Além de considerar absurda a adjetivação, integrantes do governo reforçam o caráter democrático de consulta ao povo. “A Constituição diz que pode acontecer referendo para fazer consultas ao povo. Aqui estamos fazendo uso da democracia. Estamos perguntando ao povo se o presidente Evo Morales pode voltar a ser candidato em 2019. Não estamos obrigando ninguém a torná-lo presidente em 2019. A preocupação da oposição é que existe toda uma geração de políticos que sua última oportunidade de ser candidato será em 2019”, alerta o vice-ministro de Meio Ambiente, Gonzalo Rodriguez. 

 

Fim da campanha

 

O prazo para que “Sí” e “No” façam suas campanhas terminou nesta quarta-feira (17). Após esse prazo, ambas as forças devem se preocupar em garantir os fiscais nas urnas no dia da eleição, 21 de fevereiro. A última atividade de campanha do presidente Evo Morales será na cidade de Santa Cruz de la Sierra, onde fará seu fechamento de campanha e dará entrevistas aos meios locais. 

 

*Esta cobertura é promovida pelo Sindicato dos Engenheiro no Estado do Rio de Janeiro (Senge-RJ) em parceria com o Brasil de Fato. 

 

http://www.brasildefato.com.br/node/34175

https://www.alainet.org/en/node/175496
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