Uma análise do capital financeiro pela economia política

Desvelando a farsa com o nome de crise

24/02/2014
  • Español
  • English
  • Français
  • Deutsch
  • Português
  • Opinión
-A +A
Sumário
 
PREFÁCIO, César Bolaño
 
INTRODUÇÃO Arqueologia de ideias: a ancestralidade recente do NIEG e algumas razões para este livro, Bruno Lima Rocha
 
Parte 1 – O marco geral do debate
 
CAPÍTULO 1 Análise dos desenhos de Estado e sua definição macroeconômica: a versão latino-americana dos modelos neoliberal e desenvolvimentista, Bruno Lima Rocha e Anderson David Gomes dos Santos
 
CAPÍTULO 2 Crítica de um paradigma “aparadigmático” com bases na Escolha Racional e no Jogo de Soma, Zero Bruno Lima Rocha e Anderson David Gomes dos Santos
 
CAPÍTULO 3 Capital, informação e economia digital: as múltiplas faces constitutivas da globalização corporativa do capitalismo, Brun o Lima Rocha, Márci a Turchiello And res e Ana Maria Oliveira Rosa
 
CAP ÍTULO 4 Constrangiment os às mud anç as estrutu rais: análise da polític a econômic a da passagem de governo de Fernand o Henrique para Lula, Bruno Lima Rocha e Anderson David Gomes dos Santos
 
Parte 2 – O marco específico do debate
 
CAPÍTULO 5 O jornalismo econômico como porta-voz do capital financeiro, Bruno Lima Rocha, Ana Maria Rosa, Alexon Gabriel João e Rafael Cavalcanti Barreto.
 
CAPÍTULO 6 Os comentários sobre a “crise” nos blogs de Sardenberg e Miriam Leitão: análise dos opinantes do conglomerado líder, Marta Reckziegel, Anderson David Gomes dos Santos e
Bruno Lima Rocha
 
CAPÍTULO 7 Uma análise fílmica da “farsa com nome de crise”: o audiovisual como linguagem síntese do roubo do século, Ivan Lemos Santos, Bruno Lima Rocha e Anderson David Gomes dos Santos
 
CAPÍTULO 8 O papel da comunicação e da mídia na crise de superprodução: Reflexividade Informação e Ideologia no caso da bolha imobiliária irlandesa, Henry Silke e Phascal Preston
 
Prefácio
 
Karl Polanyi começa seu célebre A grande transformação, onde discute as origens da crise geral que passava o mundo em 1944, com um emblemático capítulo sobre “a paz dos 100 anos”, que antecedeu as grandes carnificinas da primeira metade do século XX, falando do papel da haute finance na estabilização do sistema, não sem guerras, mas sem uma guerra geral entre as grandes potências porque isso seria prejudicial aos negócios. E logo vai discutir todas as tendências que sub-repticiamente iam construindo a trama que conduziria à catástrofe em que a economia de mercado do século XIX sucumbiria por força das suas próprias contradições.
 
Nós nos acostumamos, a nossa geração, a entender o mundo a partir da realidade construída em Bretton Woods e da inflexão resultante da crise estrutural iniciada nos anos 1970. Os grandes economistas brasileiros, de Furtado a Belluzzo, passando por Conceição Tavares, ajudam a esclarecer o processo em que se gesta a globalização, o neoliberalismo e a hegemonia do capital financeiro. Furtado, em especial, é capaz de entender o conjunto do processo, numa perspectiva histórica ampla e sobre a base de um conceito de cultura sofisticado. Mas há um elemento chave, constitutivo do capitalismo do século XX, sobretudo do pós-guerra, para cuja compreensão é preciso recorrer à Economia Política da Comunicação. Essa é a grande questão do nosso tempo. O capitalismo é um modo de produção crescentemente informático e comunicacional.
 
Hoje, como na época de Polanyi, todo o problema está relacionado com a transformação do homem e da natureza em mercadoria, essa absoluta inversão entre meios e fins, como diria Furtado. E mais uma vez há uma série de mecanismos sub-reptícios que estão armando a trama de uma nova grande transformação, que, esperamos, seja em direção a um mundo melhor e não a uma nova catástrofe humana e ambiental. Esse é o desafio que devemos enfrentar os trabalhadores intelectuais e os ativistas de hoje e não há dúvidas de que dois elementos são cruciais para entender bem a trama: a financeirização e a comunicação.
 
A Economia Política da Comunicação tem discutido pouco a relação entre esses dois elementos. Um dos poucos grupos que têm se dedicado ao tema no Brasil é o CEPOS, que tive a honra de herdar de meu querido e saudoso amigo Valério Brittos. Este livro é um primeiro resultado de uma iniciativa de Valério, quando delegou a Bruno Lima Rocha a criação do NIEG, no interior do CEPOS. Eu próprio tenho escrito sobre o assunto e fiz questão, como coordenador hoje do CEPOS, de preparar este brevíssimo prefácio, empenhando-me em promover a continuidade do NIEG no interior do nosso grupo, atualmente em transição.
 
Muitas mudanças estão ocorrendo no mesmo, a começar pela sua localização, agora no Observatório de Economia e Comunicação da Universidade Federal de Sergipe (OBSCOM/UFS), onde se integra de forma mais articulada, à Rede Eptic. Bruno, em sua introdução, avançará na descrição mais detalhada do projeto do livro. Meu interesse neste prefácio é apenas reafirmar este compromisso e convidar os leitores a estudar a temática, abrindo os diferentes espaços da Rede Eptic para esse oportuno diálogo.
 
César Bolaño
(Líder do Grupo de Pesquisa Comunicação, Economia Política e Sociedade - CEPOS)
 
 
https://www.alainet.org/pt/articulo/83425
Subscrever America Latina en Movimiento - RSS