América Latina: EUA promovem os golpes e a OEA os chancela

22/11/2019
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Foto: Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil
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As eleições presidenciais do Brasil em 2018 ocorreram maculada pelo golpe de Estado ocorrido em 2016, que derrubou a Presidente Dilma Rousseff e na sequência prendeu o ex-Presidente Lula[1], líder na corrida presidencial.

 

Em meio ao caos político-social, polarização e suspeição que pairava sobre as eleições, chega ao Brasil pela primeira vez como observadora do pleito eleitoral, a Organização dos Estados Americanos[2] (OEA), no entanto, sem o comprometimento de julgar a lisura do processo, já que as urnas eletrônicas, por decisão do Supremo Tribunal Federal, (STF) (contrariando uma lei aprovada pelo Congresso) não teriam voto impresso[3], ou seja, sem a finalidade de julgar a legitimidade do processo eleitoral. 

 

Vale lembrar que nas últimas três décadas observadores eleitorais ajudaram a proteger os direitos e a legitimidade dos eleitores, na medida em que estabeleciam padrões internacionalmente respeitados para eleições livres e justas[4], todavia é possível que a OEA, organização responsável por esse manto de credibilidade, possa na verdade estar servindo a ideais não democráticos, mas, chancelando eleições ilegítimas e fraudulentas, como a de 2010 no Haiti, patrocinada por Washington e pela própria OEA,[5] após a derrubada do presidente Jean Bertrand Aristide, democraticamente eleito.

 

Naquela ocasião o Partido mais popular do país, o Fanmi Lavalas, foi arbitrariamente excluído do pleito eleitoral, por isso, a população não votou, mesmo assim, a OEA propôs um segundo turno entre os candidatos presidenciais que receberam cerca de 6% e 4% dos votos, numa eleição manipulada.[6]

 

Do mesmo modo no Brasil, o golpe contra o governo do Partido dos Trabalhadores teve as digitais tanto de Washington,[7] através da lawfare, quanto de sua aliada, OEA, que passou o verniz de legitimidade numa eleição marcada por fake news,[8] descumprimento à lei que obrigava o voto impresso[9] e o impedimento do principal candidato à presidência, o ex-Presidente Lula, por força de uma prisão ilegal.[10]

 

Desde 2015 à frente da OEA o uruguaio Luis Almagro passou a ser figura não grata no continente por sua submissão aos EUA. Nicolás Maduro, Presidente da Venezuela, afirma que Almagro é um agente americano: “Eu disse para Pepe Mujica, ele é um traidor há algum tempo” (…) “Eu sei de tudo, eu o conheço muito bem, conheço seus segredos.“[11]

 

O ex-presidente uruguaio José “Pepe” Mujica, de quem o Secretário Geral da OEA foi chanceler, fez duras críticas ao ex-amigo e rompeu relações, dizendo; “Lamento o rumo pelo qual se meteu e sei que é irreversível”, se referindo à tomada de posição de Almagro em favor dos EUA,[12] que é explícita, como o não reconhecimento da vitória de Evo Morales,[13] na Bolívia, quando a OEA recomendou novas eleições: “A equipe de auditores não pôde validar o resultado da presente eleição e recomenda um outro processo eleitoral.[14]

 

A afirmação da OEA foi o estopim para a oposição desencadear uma onda de violência no país e levar à renúncia de Morales, que do seu exílio no México, disse que os crimes eleitorais de que é acusado pela Organização de Almagro “são uma invenção” e que a “OEA é responsável pelas dezenas de mortes na Bolívia[15], por força de seu relatório sobre a contagem de votos”.[16] Morales afirma que o que houve na Bolívia foi um golpe e que a OEA e os EUA, são responsáveis diretos.[17]

 

Corroborando as afirmações do ex-Presidente boliviano, um relatório sobre as eleições naquele país elaborado pelo Center for Economic and Policy Research, de Washington, revela que a missão da OEA na Bolívia fez afirmações inconsistentes em termos técnicos, que não comprovam que ocorreram fraudes nas eleições bolivianas, frisando ainda que Donald Trump, fez declarações sugerindo fraude nas eleições bolivianas antes que a OEA se manifestasse no mesmo sentido. Não custa lembrar que 60% do orçamento da Organização dos Estados Americanos (OEA), vem dos EUA.[18]

 

- Frederico Rochaferreira é escritor, especialista em Reabilitação pelo Hospital Albert Einstein, membro da Oxford Philosophical Society

 

21 de novembro de 2019

http://www.justificando.com/2019/11/21/america-latina-eua-promovem-os-golpes-e-a-oea-os-chancela/

 

https://www.alainet.org/pt/articulo/203429
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