O aumento dos assassinatos de defensores da terra e do ambiente em 2017

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24/07/2018
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O mundo está mais perigoso do que nunca para os defensores da terra e do meio ambiente, com o agronegócio sendo o setor mais ligado a assassinatos. 

 

Nunca houve um período mais perigoso para defender a própria comunidade, modo de vida ou meio ambiente. Nossos últimos dados anuais sobre violência contra defensores da terra e do meio ambiente mostram um aumento para 207 no número de mulheres e homens mortos no ano passado - o total mais alto que já registramos. Além disso, nossa pesquisa destacou que o agronegócio, incluindo plantações de café, óleo de palma e banana, foi o setor mais associado a esses ataques.

 

Hernán Bedoya, da Colômbia, foi baleado 14 vezes por um grupo paramilitar por protestar contra as plantações de óleo de palma e banana que estavam se expandindo sobre o território de sua comunidade e desmatando a floresta.

 

Nas Filipinas, depois de protestar contra a expansão de uma plantação de café, uma comunidade perto do Lago Sebu foi atacada por forças militares, que deixaram oito mortos, cinco feridos e forçaram 200 a fugir.

 

E no Brasil, agricultores agrediram a comunidade indígena Gamela depois que eles tentaram proteger suas terras do desmatamento, ferindo gravemente 22 pessoas, incluindo crianças.

 

Mas não são apenas os defensores desses países que estão sendo ameaçados, atacados ou mortos por lutarem para proteger suas terras e seu modo de vida. Inúmeras pessoas em todo o mundo estão sob ameaça por enfrentar o poder de grandes corporações, de grupos paramilitares e até mesmo de seus próprios governos.

 

Os dados que meticulosamente obtivemos e apresentamos neste relatório e os estudos de caso incluídos estão provavelmente bastante subestimados, devido à grande quantidade de desafios na identificação e na denúncia dos assassinatos. E mesmo assim, o relatório aponta que os riscos enfrentados diariamente pelos defensores continuam a crescer, e os governos e empresas têm questões sérias a responder.

 

O movimento global

 

Dos 207 defensores assassinados no ano passado, a grande maioria deles veio da América Latina, que continua sendo a região mais perigosa para os defensores, respondendo por 60% dos mortos em 2017. Apenas no Brasil foram 57 mortes - o pior ano registrado no mundo todo.

 

Mas nem uma única região passou incólume ao crescente número de ataques a seus defensores. 48 defensores foram mortos nas Filipinas, o maior número já documentado em um país asiático. E na África, 19 defensores foram reportados mortos, 12 dos quais na República Democrática do Congo.

 

Esses defensores são parte de um movimento global para proteger o planeta. Estão na linha de frente do combate às mudanças climáticas, da preservação dos ecossistemas e da proteção aos direitos humanos. Defendem causas que beneficiam a todos: sustentabilidade, biodiversidade e justiça.

 

Empresas irresponsáveis comandando ataques

 

A incapacidade de muitos governos e empresas de agir de forma responsável, ética e até mesmo dentro da lei foi uma importante força motriz por trás da sequência de crimes contra ativistas no ano passado.

 

As empresas têm uma responsabilidade perante seus clientes, que devem ter confiança de que os produtos que compram não estão alimentando abusos de direitos humanos, destruição cultural ou devastação ambiental. E nós, os consumidores, temos a responsabilidade de exigir que essas empresas cumpram sua parte.

 

Quando uma exuberante floresta tropical é desmatada para dar lugar a monoculturas, delicados ecossistemas capazes de capturar as emissões de carbono são perdidos para sempre. Quando áreas descampadas são entregues à mineração, o solo e a água potável são envenenados, colocando em risco a saúde e o futuro das comunidades próximas.

 

São empresas e investidores irresponsáveis – empenhados em satisfazer a demanda dos consumidores e em maximizar o lucro – que, juntamente com governos corruptos ou negligentes, tornam tudo isto possível.

 

Leia o relatório na íntegra...

 

Leia on-line: fotos e histórias de defensores de todo o mundo

 

Fonte: https://www.globalwitness.org/en/campaigns/environmental-activists/a-que-pre%C3%A7o/

 

https://www.alainet.org/pt/articulo/194301

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