“Integração é questão de vida ou morte para a América Latina”, diz Mujica

17/03/2016
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 jose mujica
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Por onde passa, o ex-presidente do Uruguai, José Mujica, mobiliza multidões. Não foi diferente nesta terça-feira (15), na aula magna da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), em Foz do Iguaçu (PR). Para um auditório lotado de estudantes e professores, bem-humorado, Pepe Mujica falou da formação e integração latino-americana, política, consumo, e, ateu convicto, clamou a juventude para construir um mundo mais justo e solidário.

 

“Unidos ou vencidos”, disse Mujica, usando a antinomia formulada pelo ex-presidente argentino, Juan Perón, durante sua análise sobre a integração na América Latina. O ex-presidente defendeu a centralidade da política. “A evolução espontânea da economia não nos levará à integração, e sim à desintegração. Precisamos construir experiências de regionalismo, como o Mercosul, mas essas relações precisam ser abertas, resultado de vontade política e não das regras dos mercados e das multinacionais”, enfatizou.

 

Para José Mujica, os povos latino-americanos precisam desenvolver e se apropriar de conhecimento e tecnologia para enfrentar um mundo ainda mais competitivo. “O sonho do livre comércio é poético. As fronteiras serão cada vez maiores, onde cada vez menos os povos poderão entrar”, enfatizou. “Vendemos alimentos para o mundo para ter divisas e poder importar tecnologias”, refletiu.

Para José Mujica, as relações integracionistas no continente serão efetivas quando abrangerem as questões fiscais e tributárias e atacarem a desigualdade social, as injustiças, e as crises de equidade e de segurança presentes em todos os países latinos.

 

Mais vida, menos trabalho

 

Para José Mujica, tempo livre é outro nome para liberdade. “Você é livre quando usa o tempo para a sua própria felicidade, na cultura, para o amor, com os amigos e a família”, refletiu. Para ele, as pessoas não devem passar a vida trabalhando para pagar contas. “Viver é um milagre. Não vivam apenas porque nasceram, deem um sentido para a existência e não queiram nada em demasia, pois na sociedade capitalista o consumo acaba com a liberdade das pessoas", asseverou.

 

Ressaltando que não faz apologia à pobreza, o senador combateu duramente a frivolidade do consumo. “Há supermercados e shoppings que oferecem todos os produtos, só não vendem tempo de vida”, disse. “O consumo rouba o tempo de vida porque quando você compra algo, não compra com dinheiro, mas sim com o tempo de vida envolvido na produção daquele produto” apontou, provocando longos aplausos do público.

 

Para viver melhor, disse Mujica, as sociedades precisam reduzir o tempo de trabalho. “Precisamos trabalhar apenas quatro ou cinco horas por dia. Trabalhar menos para trabalhar todos”, enfatizou. Para o ex-presidente uruguaio, a diminuição da jornada laboral acontecerá no futuro. “A redução do tempo de trabalho vai ser inevitável e deverá acontecer em todos os países. O mundo precisa ser e será mais justo”, definiu.

 

- Paulo Bogler, Do H2FOZ

 

17/03/2016

http://www.brasildefato.com.br/node/34477

 

https://www.alainet.org/pt/articulo/176134
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