Entrevista com o Presidente Nacional do PT, José Genoino

Alca: Definição de data não representa aceitação de termos.

22/06/2003
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O presidente nacional do PT, José Genoino, afirmou hoje ao Portal do PT que o encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, na semana passada, representou apenas uma abertura de diálogo. Com relação à confirmação da data de criação do acordo para 2005, Genoino lembrou que ela já estava definida previamente e já se constituía num dispositivo legal. "A aceitação da data, que inclusive já existia e era um fato consumado, até porque é um dispositivo legal, não significa que o Brasil está aceitando todas as incursões dos EUA", afirmou. O presidente do PT lembrou que o que o governo Lula pretende é discutir os termos da agenda da Alca, o que inclui a questão da lista dos produtos sensíveis e o protecionismo dos países ricos sobre os produtos que acabam prejudicando a economia brasileira. Leia, a seguir, a entrevista. - No encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos EUA, George W. Bush, ambos confirmaram a criação da Alca para janeiro de 2005. O que isso representa em relação às teses defendidas pelo PT? José Genoino: As teses defendidas pelo PT têm uma base e um conteúdo determinado. Nós não queremos a Alca como os EUA querem. Nós queremos alterar os termos da agenda da Alca. Queremos discutir o protecionismo dos países ricos sobre produtos que prejudicam o Brasil, queremos discutir a lista de produtos sensíveis, queremos discutir formas de compensação dos países que não têm condição de competir na área de livre comércio, queremos garantir os interesses do Brasil, seja na integração sul-americana, seja no seu papel em relação a outros mercados mundiais. Vai ser uma negociação de mérito difícil. Nós temos uma relação bilateral que, para nós, não é de submissão. É uma relação bilateral em que vamos nos pautar pela defesa dos interesses brasileiros. - Isso foi exposto na reunião ou o encontro não tinha propósito de iniciar de fato a negociação? JG: Essa foi uma reunião que iniciou um diálogo bilateral sobre as condições e os termos e o conteúdo da própria Alca. Apenas se abriu o diálogo. A aceitação da data, que inclusive já existia e era um fato consumado, até porque é um dispositivo legal, não significa que o Brasil está aceitando todas as incursões dos EUA. O presidente Lula afirmou isso publicamente, tem defendido publicamente, e o que vai pautar a atitude dele será a defesa dos interesses brasileiros. A Bush, Lula enfatizou que o Brasil não deseja ter sua economia massacrada pelos países envolvidos com o fim das barreiras comerciais. E para nós isso é fundamental, porque, com as barreiras que existem hoje, com o protecionismo que existe hoje, nós poderemos sufocar os interesses brasileiros. E o Lula vai saber defender os interesses brasileiros, que são o centro da sua política externa e que ele tem acertado 100%. - sr. acredita numa relação equilibrada entre o Brasil e os EUA dentro do contexto da Alca? JG: Toda relação diplomática, comercial, financeira, é uma relação que depende da correlação de forças. São forças diferentes, interesses diferentes, pesos diferentes. Vai depender muito da nossa capacidade de negociar, da nossa força interna e da nossa habilidade na defesa dos interesses brasileiros. O Brasil, como co-presidente das negociações da Alca, tem uma responsabilidade grande, mas precisa ter condições para honrar esse peso e essa responsabilidade. Por isso é que a integração sul-americana é fundamental, o acordo com alguns países da Ásia e da África é muito importante para o processo de abertura de mercado e de outros blocos para o Brasil defender seus interesses. Acho que a nossa política externa está correta e agora entra em uma fase de discussão de mérito. Vamos fazer uma negociação que vai ter momentos de tensão, mas não pode ter um momento de ruptura. - Então foi positivo esse encontro do Lula com o Bush? JG: Minha avaliação é de que todas as iniciativas do presidente Lula têm sido altamente positivas. No início, quando visitou a Argentina antes de visitar os EUA, na primeira reunião com Bush, nesta segunda, as reunuiões que teve com governantes da EU e reuniões com outros países. Ele tem tido ousadia, capacidade de iniciativa de pautar os interesses brasileiros na mesa de negociação. Temos que negociar. A correlação de forças no mundo exige que a gente saiba negociar, porque nós temos hoje uma hegemonia determinada e temos que saber defender nossos interesses e negociar muito bem. Nem oito nem oitenta. Temos que saber buscar uma mediação para a defesa dos nossos interesses. http://200.155.6.3/site/noticias/noticias_int.asp?cod=12586
https://www.alainet.org/pt/articulo/107790

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