Guerra: "Deus não quer isto, não!"

24/03/2003
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O presidente Bush insiste em invocar o nome de Deus para justificar sua guerra contra o Iraque. Com a prepotência que as armas lhe facultam, ele pode tripudiar sobre a debilidade militar das vítimas que escolhe para demonstrar sua vontade de dominar o mundo sem rivalidades e sem resistências. Mas não pense que silencia nossas consciências com sua farisaica postura de crente que julga contar com o favor divino para as suas ambições humanas. Invocar a Deus para ir à guerra é ultrajar as mais legítimas convicções de todos os que aprenderam de Jesus que "o nosso Deus é um Deus de paz", ele está a favor da vida, e não quer a morte de ninguém, nem mesmo dos pecadores. "Ele faz nascer o sol sobre bons e maus, e faz vir a chuva sobre justos e injustos" (Mt 5, 45). Portanto, Deus não condivide com Bush esta falsa batalha do "bem contra o mal". Deus não é partidário desta guerra! A opinião pública mundial é a única força capaz de se opor à avalanche do delírio obcecado de ver a eficácia das bombas caindo sobre os alvos escolhidos como teste para aprimorar o poderio militar americano. O primeiro compromisso desta resistência é negar toda justificativa religiosa para esta guerra. A força dos pobres é sua fé em Deus, que conforta seus sofrimentos com a certeza de uma justiça que ultrapassa as precariedades humanas, e permite o vigor pessoal que compensa de longe as falácias externas das ilusões efêmeras de poder e riqueza. A fé do pobre o torna livre e reconciliado consigo mesmo e em harmonia com o universo. Ao mesmo tempo, lhe dá a certeza de que Deus não compactua com as injustiças que oprimem os fracos. Uma das convicções das comunidades de base, ao despertarem para a consciência crítica que ilumina a compreensão das injustiças humanas, é a certeza de que "Deus não isto, não!", como expressa um dos seus cantos tradicionais. "De um lado é alguém dominando, de outro é alguém se curvando, mas Deus não quer isto, não!" Esta mesma consciência aponta com vigor para o cenário desta guerra, e brada com toda convicção: "Deus não quer isto, não!". Também os fariseus e sumos sacerdotes se julgavam cheios de zelo divino ao condenarem Jesus. A história mostrou quanto estavam errados. "Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus" (Mt 5,9), afirmou Jesus. Infelizes os que promovem a guerra. A própria história se encarregará de relegá-los ao esquecimento e ao desprezo da humanidade!
https://www.alainet.org/pt/articulo/107151
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