E Monroe estava certo

10/08/2002
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Informa a jornalista Claudia Mancini, na "Gazeta Mercantil" de quinta-feira: "A Associação Nacional de Manufaturas (NAM) dos Estados Unidos, a maior do setor no país, prevê que a exportação norte-americana de mercadorias para as Américas Central e do Sul vá passar dos atuais US$ 60 bilhões para US$ 200 bilhões ao ano com a Alca (Área de Livre Comércio das Américas)". É mais que razoável supor que boa parte desse aumento nas exportações norte- americanas terá como destino o Brasil -pelo simples fato de ser a maior economia da América Latina (fora o México, que já tem acordo de livre comércio com os EUA e, portanto, não será afetado pela Alca). O Brasil, ao contrário, perderá US$ 1 bilhão ao ser implantada a Alca, conforme o único estudo abrangente até agora feito -sob encomenda da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). É verdade que Roberto Segatto (Associação Brasileira de Comércio Exterior) diz que não é bem assim. Promete outro estudo, mas, até que ele seja apresentado, não há como discutir com os dados da Fiesp. Se a Alca fosse apenas comércio, já seria um baita problema a julgar pelos números expostos. Mas a Alca é também tudo o mais que o ser humano pode negociar entre países. Investimento, por exemplo. A prevalecer a regra proposta pelos EUA, qualquer hipótese de política industrial, tal como defendem todos os candidatos, fica irremediavelmente banida. A pergunta seguinte inescapável é: dá para não prevalecer a posição norte- americana? Em tese dá. Na prática, é quase impensável, quando todos os países do Mercosul, Brasil inclusive, estão pendurados na boa vontade do Tesouro dos EUA, exercida diretamente ou via FMI. James Monroe, o presidente que reservou "a América para os americanos", no contexto do colonialismo europeu, acertou em cheio. Pena que agora seja o neocolonialismo. * CLÓVIS ROSSI, Publicado no jornal Folha S.Paulo
https://www.alainet.org/pt/articulo/106276

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