Empresas Transnacionais e Produção de Agrocombustíveis no Brasil
22/04/2014
- Opinión
Indice
- Empresas transnacionais e produção de agrocombustíveis no Brasil
- Concentração na agroindústria canavieira no Brasil
- O capital financeiro e a agroindústria canavieira
- Histórico sobre as dívidas da agroindústria canavieira no Brasil
- A expansão do agronegócio brasileiro no século XXI
- Impactos da expansão do agronegócio no Brasil
- O impacto do monocultivo de cana no Mato Grosso do Sul
- Impactos da concentração de terras no Oeste Paulista
- Conclusão
Introdução
A Rede Social de Justiça e Direitos Humanos tem realizado publicações anuais que revelam as tendências, os dados e os impactos da expansão do agronegócio no Brasil e sua relação com o contexto internacional. Nossas análises incluem impactos econômicos, sociais e ambientais dos monocultivos e da produção de agrocombustíveis em um contexto de predominância do capital financeiro na agricultura e de crise econômica mundial. A expansão territorial do agronegócio intensifica a exploração do trabalho e a violência contra as organizações indígenas, quilombolas e camponesas.
Principalmente a partir da crise econômica mundial em 2008, o controle sobre a terra, os recursos genéticos e energéticos são centrais nas disputas geopolíticas. O discurso que promove o agronegócio como “produtivo” esconde o risco que este modo de produção representa para a produção de alimentos, já que está baseado na necessidade de utilização intensiva de insumos químicos, que gera degradação dos solos e das fontes de água.
A especulação com o mercado de terras exerce o papel de facilitar a circulação do capital financeiro em um contexto de instabilidade econômica. A produção de agrocombustíveis serve para justificar o aumento da concentração fundiária sob o argumento da necessidade da produção de energia barata e da concessão de vantagens comerciais para o agronegócio brasileiro. Por sua vez, a intensificação do uso de insumos químicos na agricultura coloca o Brasil como “depósito” de produtos tóxicos em um momento no qual se observa uma rejeição crescente, por parte da opinião pública, ao consumo de alimentos contaminados na Europa e Estados Unidos.
Um dos elementos essenciais na disputa geopolítica por recursos genéticos é o controle sobre sementes. Grandes empresas de sementes transgênicas exercem forte lobby internacional para facilitar sua comercialização, o que representa enorme ameaça para a diversidade alimentar. As sementes nativas possuem a capacidade de reprodução natural, que pode ser comparada ao mito da Fênix porque “renascem” no processo produtivo. Portanto, a preservação da diversidade genética através das sementes se constitui em importante campo de resistência contra o monopólio de grandes empresas na agricultura.
A expansão do agronegócio no Brasil gera queda na produtividade de alimentos, degradação dos solos e de fontes de água. A expansão territorial de monocultivos intensifica a repressão e a expropriação da terra e das lavouras alimentares de pequenos produtores e de povos indígenas. Além disso, o agronegócio consome bilhões em recursos públicos e créditos subsidiados que acabam por se transformar em dívidas impagáveis.
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