Democracia racial com representatividade política

25/11/2020
  • Español
  • English
  • Français
  • Deutsch
  • Português
  • Opinión
-A +A

O Brasil não passa por um momento de normalidade democrática, as instituições fingem que estão funcionando com naturalidade, mas os bastidores são de muita pressão e tensionamento por conta da instabilidade política. 

 

Instabilidade crescente desde o golpe de 2016, quando um Ministério Público sem transparência, um Supremo Tribunal Federal acovardado e a famigerada Operação Lava Jato, destruíram os meios de produção, levando o país a números recordes de mão-de-obra desempregada. 

 

Desgovernado, o Brasil fez a transição do vampiro para o inominável, afundando de vez na barbárie, na desconstrução de valores culturais e éticos, atingindo e exportando os maiores índices de vergonha da história.  

 

Vergonha institucionalizada como já foi a escravidão que promoveu, durante mais de trezentos anos a relação social de produção, que consistia no rapto de homens e mulheres africanos para serem vendidos no mercado em outros continentes. 

 

Toda essa desestabilização, com gente em treinamento fascista o tempo todo com demonstrações de racismo, vão se tornando cada vez mais públicas e empoderadas, por definição e conceito, pelo governo federal.  

 

Como a advogada que cometeu crimes de racismo e de homofobia dentro de uma padaria em São Paulo. Internautas foram às redes sociais da advogada e reproduziram fotos suas com camiseta de apoio a Bolsonaro. Após o episódio, a mulher argumentou que tinha uma doença. Essa doença nós conhecemos e tem nome: Racismo!  

 

A democracia racial será possível quando mais homens e mulheres negros forem seus próprios representantes nas bancadas legislativas e no executivo para que, de maneira homogênea e progressista lutem contra o sistema de desigualdades. 

 

O racismo no Brasil existe, não foi importado, a pessoa negra é vista como suspeita e invisibilizada como cidadã. Não à toa os casos de racismo acontecem com maior incidência em locais de consumo, que é o templo simbólico dos nordicistas que se consideram pertencentes a um grupo etnicamente superior. 

 

Transcrição de alguns anúncios publicados nos jornais no século XIX, que são a raiz do racismo que vem sendo replantada pela sociedade brasileira desde sempre: 

 

Compro um escravo de 20 a 30 annos de idade, que seja fiel e entenda alguma cousa de cozinha”;  

 

 “Manoel Gonçalves Ferreira, embarca para o Rio de Janeiro o escravo Marciano, por ordem de seu Snr. o Dr. Antonio Cezar de Berredo”; 

 

Compra-se um escravo que seja de bons costumes, e que entenda de cozinha, quem o tiver e quizer vender, falle nesta Typographia”; 

 

Preciso alugar uma escrava que saiba engoumar bem e fazer algum serviço de casa, como também uma ama de leite sem cria”. 

 

Muito mais do que reparos sociais, o brasileiro e brasileira negros precisam da própria voz para quebrar o racismo institucional, afastar a pobreza, violência e a discriminação que são um reflexo direto de um país que normalizou o preconceito. 

 

- Ricardo Mezavila - cientista político

 

 

https://www.alainet.org/es/node/209931
Suscribirse a America Latina en Movimiento - RSS