Um novo movimento na escalada de intimidação contra a Venezuela

11/06/2020
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O mundo acompanhou com tensão a mais um capítulo do conflito geopolítico envolvendo a Venezuela e claro, executado pelo império norte-americano. Fruto da solidariedade, cooperação e acordos comerciais entre Irã e o país sul-americano, a chegada dos cinco navios iranianos a Venezuela, carregados de gasolina e insumos necessários para reativar algumas refinarias de petróleo nesse país, representou mais uma vitória para ambos países e mais uma derrota para o imperialismo norte-americano.  

 

Desde quando iniciou a quarentena social e coletiva, decretada pelo Presidente Nicolás Maduro, após a confirmação dos dois primeiros casos de covid-19, em 13 de março, a Venezuela foi afetada por um desabastecimento de gasolina, mais uma consequência causada pelas medidas coercitivas unilaterais efetuadas pelos Estados Unidos contra esse país.  

 

Os navios iranianos sofreram diversas ameaças no seu caminho até a Venezuela, – aqui vale a pena recordar a advertência de Dom Quixote ao seu companheiro, Sancho: “Os cães ladram, Sancho. É sinal de que estamos avançando” –; sob a escolta de aeronaves, helicópteros e navios das Forças Armadas Nacional Bolivariana, o primeiro navio iraniano, denominado Fortune, avançou em águas venezuelanas no dia 23 de maio. O navio Fortune desembarcou na refinaria de El Palito, localizada em Puerto Cabello no Estado Carabobo. Nos dias seguintes, chegaram ao país sul-americano os demais navios: Forest, Petunia, Faxon e Clavel.

 

Com a chegada de todos os navios iranianos, o governo bolivariano, anunciou uma nova forma de organização e distribuição da gasolina a nível nacional com gasolina subsidiada para os cidadãos. No novo esquema, cada cidadão venezuelano cadastrado no Sistema Pátria, tem direito a 120 litros para os que tem carro e 60 litros para as pessoas que tenham motocicletas, de gasolina subsidiada ao mês, pagando apenas um valor simbólico, e os serviços de transportes de pessoas e alimentação a gasolina é totalmente gratuita.  As pessoas que não estão cadastradas no Sistema Pátria ou aquelas que ultrapassam a sua cota de gasolina por mês, podem comprar a gasolina a 0,50 centavos de dólar o litro. No Brasil cobra-se em média 0,70 centavos de dólar por litro de gasolina.

 

O governo também pediu que os postos de gasolina funcionassem 24h para que seja restabelecido o mais rápido possível o abastecimento de gasolina no país. Em Caracas, já é possível observar uma volta à normalidade nos postos de gasolina, sem as filas que ocorriam nos primeiros dias de retorno ao funcionamento, pela grande procura.

 

Recordemos que no dia 01 de abril, o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou uma “Operação Anti-drogas” no mar do Caribe, leia-se bloqueio naval contra a Venezuela. No anúncio, o presidente norte-americano, afirmou que os Estados Unidos iriam duplicar a sua capacidade militar na região – representando o maior deslocamento militar realizado pelos Estados Unidos nos últimos 30 anos –; sob o falso pretexto de combater o tráfico de drogas para os Estados Unidos. O real objetivo desse novo movimento do imperialismo, é realizar um bloqueio naval contra a Venezuela, afetando principalmente o abastecimento de alimentos, remédios, gasolina e outras mercadorias necessárias para a população deste país.

 

Um mês após esse anúncio, foi ativada, no dia 01 de maio, a operação golpista mercenária denominada de “Operación Gedeón". Quando um grupo, de aproximadamente 60 mercenários, tentaram invadir por via marítima a costa do país, com objetivo de gerar desestabilização, violência, caos, assassinatos seletivos de lideranças revolucionárias e efetuar um golpe de Estado.

 

A operação mercenária, que foi organizada na Colômbia, foi frustrada. E graças a União Cívico-Militar-Policial, oito mercenários foram abatidos em combate e os demais foram presos – incluindo nesse grupo, dois soldados ex boinas verdes norte-americanos. 

 

A nova ameaça contra a Venezuela chega a Colômbia

 

A nova ameaça contra a República Bolivariana foi comunicada pela a Embaixada dos Estados Unidos na Colômbia, e ocorreu ao mesmo tempo, dia 27 de maio, que chegada dos navios iranianos a Venezuela, em mais uma demonstração de que esse país perdeu totalmente a sua soberania nacional.

 

O comunicado emitido pela a Embaixada norte-americana denominado “Misión SFAB viene a Colombia”, anunciava a chegada de uma brigada norte-americana de Assistência de Força de Segurança (sigla em inglês: SFAB), que supostamente iriam ajudar esse país no combate ao narcotráfico, a “sua missão em Colômbia começara no início de junho e terá uma duração de vários meses”.

 

A unidade especializada do Exército norte-americano, composta de 800 soldados, “formada para assessorar e ajudar em operações em nações aliadas”, representa mais uma ameaça contra a Venezuela.

 

Esse contingente desembarcou no território colombiano no dia 01 de junho, e já encontra-se ativado. O comandante chefe do Comando Sul dos Estados Unidos (sigla em inglês: Southcom), Craig Faller, disse que “a missão da SFAB na Colômbia é uma oportunidade de mostrar nosso compromisso mútuo contra o narcotráfico e o apoio à paz regional, o respeito da soberania e a promessa duradoura de defesa dos ideais e valores compartilhados”.

 

No comunicado da embaixada, o Ministro da Defesa da Colômbia, Carlos Holmes Trujillo, e o comandante das Forças Armadas da Colômbia, general Luis Fernando Navarro, afirmaram cinicamente que “o narcotráfico assassina a nossos camponeses, destrói as florestas, a fauna e contamina os rios e mares da Colômbia”.

 

O governo do subpresidente Iván Duque, não cumpre aos Acordos de Paz assinados entre o Estado colombiano e as FARC-EP, que contaram com o apoio político e logístico do Estado venezuelano e cubano. Esses personagens descaradamente ignoram que todos os dias são assassinados líderes sociais na Colômbia, pelas mãos do Exército e de grupos paramilitares.

 

Temos que ter claro, que essa nova escalada na presença militar dos Estados Unidos em território colombiano, tem um objetivo de atacar a Venezuela. Não se trata de uma simples brigada de assessores estadunidenses que vão ajudar o Estado colombiano a combater o narcotráfico, trata-se de uma grandiosa operação militar que vem conformando-se já há algum tempo.

 

Inclui-se nessa grandiosa operação militar norte-americana contra a Venezuela, todas as bases militares em Colômbia e no resto do continente, formando um cerco de bases militares controladas pelos EUA ao redor do país bolivariano; uma operação marítima, que na prática é um bloqueio naval e agora a presença em terra de 800 soldados por um período de “vários meses”, como expressa o comunicado da Embaixada dos Estados Unidos.

 

É importante destacar a Colômbia como uma peça fundamental na estratégia dos Estados Unidos contra a Venezuela. A Colômbia cumpre no nosso continente, o mesmo papel desempenhado por Israel no Oriente Médio. Apenas uma curiosidade sobre esses dois países, além de serem sub governos a serviço dos interesses norte-americanos, ambos realizam outros serviços, por exemplo: Israel, projeta e produz armas de destruição em massa, que assassinam milhares de pessoas em todo mundo, não podemos esquecer do massacre do povo palestino e a Colômbia, é o maior fornecedor de drogas do mundo.

 

Caracas, 10 de junho de 2020

 

 

https://www.alainet.org/es/node/207161
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