Catalunha

11/10/2017
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O atual nível de desenvolvimento das forças produtivas (a serviço do capital) já atingiu o seu ponto máximo. A estagnação econômica mundial é o atual cenário do sistema capitalista.

 

Porém, um mundo onde a economia esteja estagnada não significa um mundo onde não haja a continuidade do perverso processo de aumento da desigualdade social e da acentuação da concentração de renda.

 

Todos sabemos que cada vez mais um pequeno grupo de pessoas detém uma maior quantidade de riquezas... Isso é mais do que visível, é uma verdade contabilizada por todos os organismos econômicos mundiais.

 

E quem são essas pessoas? São os grandes acionistas dos maiores bancos do mundo. Em suma, são os banqueiros.

 

Os bancos hoje estão tão ricos que já dominam todo o processo produtivo. Das grandes multinacionais ao “Jornal Nacional - oferecimento: banco Bradesco”...

 

O problema é que o aumento do poder econômico e da riqueza dos bancos - no contexto de uma economia estagnada - não se dá mais pela livre circulação das mercadorias (como sonhavam os neoliberais)...

 

Isso porque a própria estagnação econômica é produto das contradições inerentes ao processo de produção de mercadorias, o qual não cabe aqui descrever seus complexos mecanismos.

 

Como os bancos então fazem para garantir o aumento de seus lucros?

 

Eis o milagre: Através da Dívida Pública dos Estados.

 

Os Estados Nacionais devem estar todos nas mãos dos bancos que vão determinar suas políticas-econômicas, seus mecanismos de tributação e seus gastos orçamentários.

 

A ordem é essa: Os Estados tributam as mercadorias e os cidadãos. No fim esse dinheiro deve ter um único destino certo: o pagamento das Dívidas Públicas, isto é, a dívida com os bancos (por essa razão é que essas dívidas devem sempre ser impagáveis).

 

Assim, na atual fase do capitalismo os Estados Nacionais deixaram de ser obstáculos para o enriquecimento dos bancos e passaram a ser seus principais protagonistas.

 

A era dos Blocos Econômicos não interessa mais para os banqueiros. O que interessa é o contrário: o fim dos Blocos para que haja o aumento do controle dos bancos no interior de cada Estado Nacional, para se garantir a renda e os lucros dos próprios bancos.

 

Por isso o Mercado Financeiro reagiu bem ao Brexit, por isso o Mercado Financeiro reagiu bem com o racha do Mercosul, por isso o Mercado Financeiro reagiu bem com a saída dos EUA do Tratado do Transpacífico...

 

E... Por fim... Por isso os banqueiros desejam e financiam mundialmente uma campanha internacional pela independência da Catalunha...

 

Afinal quem mais desejaria uma Espanha dividida senão aqueles que financiam a divisão do mundo aos moldes pré-Globalização?

 

Sim... Os tempos da Globalização estão acabando... Estamos vendo o nascimento de uma nova era, a era da “Fragmentação Global” seguindo os interesses dos Bancos internacionais - com suas rendas resguardadas em países como EUA, Inglaterra, Alemanha, França e Japão.

 

O capitalismo entrou em uma nova fase: Impossibilitado de impulsionar o desenvolvimento das forças produtivas e ao mesmo tempo sem nenhuma força política que lute por sua superação, ele se torna reacionário em seus próprios fundamentos em benefício de uma ínfima minoria...

 

Em suma, o capitalismo historicamente está esgotado, a rigor ele já acabou... mas continua como sistema econômico mundial que encarcera a humanidade, impedindo o seu desenvolvimento... É o capital na era da catástrofe ou, simplesmente, “capital catastrofista”

 

A independência da Catalunha é apenas um pequeno capítulo de um longo processo que pretende colocar parte da Europa Ocidental (Portugal, Espanha, Irlanda, Itália e Grécia) como uma espécie de “terceiro mundo europeu”.

 

O plano é que esses países - enfraquecidos e fragmentados - se submetam ao poder dos bancos (alemães, principalmente).

 

A independência da Catalunha serve para enfraquecer a Espanha. Em breve poderemos assistir também uma fragmentação da Itália.. E até mesmo nós do Brasil podemos estar diante de uma bomba relógio a espera de estraçalhar a nação em movimentos separatistas que atendem aos interesses dos grandes bancos...

 

Pois, depois de quebrar a economia global, os bancos precisam agora quebrar as soberanias nacionais, seus territórios e qualquer esperança do nascimento de uma força (nacional ou internacional) que possa vir a se opor aos seus interesses...

 

Por essas razões, subscrevo com a mais absoluta convicção: “Viva a Espanha unida!”; “Abaixo o separatismo catalão!” E “Pela união de todos os povos para combater a tirania do Mercado Financeiro Internacional!”

 

- Carlos D'Incao é historiador. Publicado em seu Facebook

 

11 de Outubro de 2017

https://www.brasil247.com/pt/colunistas/carlosdincao/321892/Catalunha.htm

 

https://www.alainet.org/es/node/188540
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