A morte de uma estrela

06/02/2017
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Foto: Morte de uma estrela, Observatório Europeu;
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Mesmo quando morre, o brilho das estrelas não se apaga. Quando abrimos a janela no meio na noite e olhamos para um céu pontilhado de luzes, não percebemos que várias daqueles pequenos pontos que iluminam o espaço são originadas de um corpo celeste que não existe mais há milhões, talvez há bilhões de anos. Somente podemos observar o seu brilho, porque a distância é percorrida na velocidade da luz, pois se fosse percorrida na velocidade humana, em incontáveis quilômetros, incontáveis milhas, talvez ainda não tivesse chegado ao nosso campo de visão.

 

As luzes das estrelas são matéria, são fonte de energia, sendo assim, também, fonte de vida. O que seria de todas as espécies que nós conhecemos se não fosse as luzes das estrelas? Se há vida, se existe energia, é porque também temos a fotossíntese, realizada por plantas e algas e que estrutura toda a cadeia da vida.

 

Nós, portanto, seres humanos, nada mais somos do que reflexo das luzes das estrelas. No nosso caso, de uma estrela ainda pequena, de cor amarela, que está próxima do nosso planeta, que é o Sol. Quando ele brilha, temos vida, e com a vida, temos sonhos, temos desejos, temos esperança…

 

É muito provável, mesmo que a capacidade intelectual da humanidade não tenha ainda condições de traduzir estas informações em dados concretos, nem tenha percepção suficiente para entender o universo, que exista vida em outros planetas. É uma viabilidade matemática, física, lógica, que apenas a arrogância antropocêntrica pode questionar.

 

Encontramos vida em tudo! Mesmo numa tarde triste de chuva, quando as lágrimas das nuvens gotejam a nossa janela, só podemos ter uma certeza: existe vida chuva. Pois a água que cai rega as plantas, mata a sede das outras espécies, permite a reprodução de simples bactérias essenciais para o bom funcionamento de raízes, enfim, temos a vida, e essa vida só é possível porque a energia gerada pelas estrelas está no nosso meio.

 

Na verdade, uma estrela nunca se apaga, pois, a sua luz caminha indefinidamente por um universo que, até provém o contrário, é infinito. Então, esta luz apenas ultrapassa limites e fronteiras, levando junto consigo a esperança de vida.

 

Mas não pensem que a morte de uma estrela se resume à viagem interminável da sua luz. As estrelas também são fontes de poeira estrelar, poeira esta que foi a base de formação de muitos corpos celestes. Desta forma, em todos os cantos temos vida, em todos os cantos temos estrelas…

 

Este breve relato serve apenas para lembrar que a morte nunca é um fim. Ela é, indiscutivelmente, um novo começo. Muitas culturas reconhecem a importância da morte para a reprodução da vida e, mais recentemente, a ciência ocidental reconheceu esta possibilidade com as políticas públicas de doação de órgãos.

 

Desta forma, a morte de Dona Marisa Letícia não apenas mais uma morte. Ela não é apenas um número das estatísticas frias dos hospitais. Aliás, ninguém é. Nenhuma morte é! Mas Dona Marisa, esta era apenas mais uma estrela que estava transmutando a sua forma. Guerreira, parceira fiel, construtora, fundadora, ela simplesmente deixou este mundo para fazer lançar a sua luz no universo, em busca daqueles e daquelas que sonham, que acreditam em um mundo mais justo, e que a vida, hora, sempre a vida, deve sempre estar em primeiro e em todos os lugares…

 

Sandro Ari Andrade de Miranda, blog: sustentabilidade e democracia.

 

https://sustentabilidadeedemocracia.wordpress.com/2017/02/04/a-morte-de-uma-estrela/

 

 

 

 

https://www.alainet.org/es/node/183313
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