Eleições na Argentina

23/04/2003
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Nas eleições argentinas se joga em parte o futuro do governo Lula no Brasil. Se ganha um parceiro de Lula para reorganizar, estender e fortalecer o Mercosul, ampliam-se as margens de manobra externa do Brasil, o que significa fortalecer a capacidade de reinserção soberana do nosso país no mundo. Se, ao contrário, vencer um adversário do Mercosul e da aliança prioritária com o Brasil, se acelerará a construção da Alca e, com ela, a adoção do dólar como moeda não apenas argentina, como regional. Em meio à maior crise da sua história, a Argentina tem a chance de eleger um novo presidente diante do desprestígio generalizado da político e dos políticos, poucos meses depois de o Brasil ter eleito um presidente forte e com muito prestígio internacional e no momento em que os EUA não têm o que dizer e oferecer à Argentina. Nessa situação de crise hegemônica no país, os candidatos refletem o passado que o país esgotou, ao invés de que eles reflitam os futuros possíveis e a renovação. Esse é o maior drama das eleições presidenciais argentinas, que terão o primeiro turno neste domingo 27 e que definirão os candidatos que voltarão a se encontrar três semanas depois, para definir quem presidirá o país nessa situação de recessão, regressão social inédita na sua história e falta de legitimidade política para quem quer que seja eleito. Dois dos três candidatos peronistas – Nestor Kirchner e Rodrigues Sáa - mesmo que por oportunismo, para diferenciar-se de Menem, optam pela aliança privilegiada com o Brasil para construir o Mercosul, mesma posição da candidata de centro- esquerda, Alicia Carrió. Menem representa a mais clara opção por retomar a anunciada "relação carnal" com os EUA, que atualmente significa a adesão à Alca e a dolarização da economia do país. E Lopex Murphy representa a direita liberal mais ortodoxa, que não deve ter um programa muito diferente do de Menem. A esquerda, dividida entre candidaturas sem expressão e o voto nulo, abstenção ou outras formas de boicote, com o pomposo lema "Que se vayan todos" - como protesto porque não se trata de eleições gerais, mas apenas presidenciais – se condenou à impotência e a deixar o caminho livre para que políticos de velha cepa – incluído o próprio Menem, responsável maior pela crise do país – possam triunfar. Num momento em que a crise econômica e social, o desgaste dos políticos e dos partidos tradicionais, permitiriam à Argentina somar-se ao Brasil para abrir novos horizontes para o continente e para cada um de seus países em particular. No resultado das eleições presidenciais da Argentina se joga assim uma parte do sucesso ou do fracasso do governo Lula. E corre-se o risco de que os dois candidatos frontalmente negativos para o Brasil, logrem – mesmo com um montante pouco expressivo de votos – passar para o segundo turno. Não será o último tango, mas os acordes de "Cuesta abajo" começarão a ser entoados.
https://www.alainet.org/es/node/107381
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