Charles, Bush, Bento XVI, o Mundo McDonalds

28/02/2007
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Sua Alteza Real, o Príncipe de Gales, declarou a uma nutricionista em visita aos Emirados Árabes, que o melhor para a saúde seria acabar com a rede McDonalds. Charles estava refletindo a “preocupação” de milhões de britânicos” com o caso do menino Connor McCreaddie, que tem oito anos e já pesa 98 quilos.

A Justiça na Inglaterra chegou a cogitar de tirar o menino da guarda da mãe, mas aceitou as “ponderações” da senhora em questão que ele “embirra se não tiver doces e guloseimas em cinco minutos”.

Bilhões de seres humanos vivem abaixo da linha da pobreza em todo o mundo e milhares morrem de fome todos os dias. Nem todos pertencem à Igreja Renascer, ou conseguem chegar próximo de Edir Macedo. Que dirá de Bento XVI.

Cerca de cem pessoas têm morrido no Iraque, diariamente, desde que os texanos invadiram e ocuparam o país para ficar com o petróleo. Israel, anualmente, no verão, bombardeia a faixa de Gaza, principal aqüífero do Oriente Médio, para evitar que os palestinos sobrevivam da exportação de frutas, flores, batatas e tomates cultivados no deserto.

Tudo em nome da liberdade, da democracia e seguindo precisas e esclarecedoras orientações divinas.

O caso do menino inglês despertou tanta “preocupação” nas autoridades que cientistas dinamarqueses divulgaram os resultados de uma pesquisa com suplementos vitamínicos e afirmam taxativamente que não fazem bem à saúde e costumam encobrir deficiências alimentares, além de aumentar o risco de morte, mais precisamente, de encurtar a vida.

Uma bela mulher, num belo corpo, invadiu, nua, o desfile de Valentino, na semana da moda em Paris. Faz parte de uma ONG que combate e denuncia o uso de peles de animais pela chamada “indústria da moda!”. Numa declaração feita à imprensa, pouco após o desfile, Gaultier, do alto do trono dispara: “minha coleção é uma volta às minhas raízes”.

O Supremo Tribunal Federal liberou o teto salarial dos juízes estaduais em até 24 mil reais e mais uns trocados.

O risco é inflação de pastinhas. Na verdade, pastonas pesadas. Mas Valentino e Gautier devem resolver o problema na “semana da pasta”.

Os caras estão cogitando de jogar uma bomba de nove toneladas nas instalações nucleares do Irã para salvar o mundo terrorismo.

Há uma lenda árabe, isso mesmo, árabe, que diz que quando Deus criou o mundo percebeu que todos os universos eram imensos vazios e que faltava alguma coisa. Resolveu criar o ser humano e abrir-lhe a perspectiva da felicidade. Só tinha dúvidas onde colocar a chave da felicidade para que o ser pudesse descobri-la.

Resolveu colocá-la no coração.

Os donos roubaram corações e almas das pessoas. Guardaram as chaves no Texas, num rancho da família Bush.

Deixaram apenas um ou outro coração, uma ou outra alma. Um e outra em Pirapozinho/Goiânia.

O menino “embirra” se não tiver “doces e guloseimas em cinco minutos”. Tony Blair deve convocar eleições gerais para decidir se os britânicos concordam com Charles e o que fazer com os complexos vitamínicos e os laboratórios nossos de cada dia.

Devem decidir que o melhor é bombardear o Irã e assim ficam livres de gente “embirrada”.

Aí ninguém vai cismar de procurar a tal chave e os pastinhas podem continuar a deitar e rolar em cima dos seres de plástico, ajudando seus candidatos e fazendo polpudas reservas de colesterol e o diabo a quatro na rede McDonalds.

Qualquer problema dieta de água benta resolve. Mas tem que vir pelas mãos das SS Suíças de sua santidade Bento VXI, general quatro estrelas do IV Reich.

Coitada da “bispa” Sônia, sonhando com cama da Ethan...

Deve imaginar que a África é ficção. A fome, a miséria, a violência, esse negócio de leão andando pelo meio do mato, safári de “bwana”, Tarzã, Cheeta e Jane, o triângulo da vida natural.
https://www.alainet.org/es/articulo/119756
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