2010: Dilma contra os millenaristas

06/11/2013
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Nas eleições de 2010, a ordem unida ao partido midiático foi dada no 1º Fórum Democracia e Liberdade de Expressão. Pelo nome, podia até enganar incautos. Ali só foi quem tinha negócio. Promovido pelo Instituto Millenium, cuja autodefinição é a de não ter vinculação político-partidária e ter como objetivo promover a democracia, a liberdade individual, a propriedade privada e a economia de mercado, o evento pretendeu ditar os rumos de toda a cobertura das eleições presidenciais
 
Não creio tivesse Dilma, nos seus mais arrojados sonhos, a pretensão de um dia chegar à Presidência da República. Viera lá de trás, da arrojada aventura, e não se assustem com a palavra aventura, de que gosto muito, indica movimento, da arrojada aventura de lutar contra a ditadura, pondo a vida em risco, enfrentando os dragões da maldade, disposta a tudo, e não se dobrando nunca. Se entrega, Corisco, eu não me entrego não... E depois seguira pela estrada, sem se perder na caminhada, sempre à esquerda, contribuindo com seu país.

O susto do anúncio da candidatura feito por Lula em algum momento talvez não tenha sido tão grande. O arquiteto soubera dar sinais, aqui e acolá, por um e por outro, da possibilidade. Assustadora possibilidade. Dilma ajudara a governar, é verdade. Desde o Rio Grande do Sul. E agora, chefiando a Casa Civil do maior presidente da história do Brasil. Mas presidenta da República? Só da cabeça do Lula mesmo. Reagiu, reagiu, e o tempo, tempo, tempo foi mostrando como o sonho podia se tornar realidade. Por insistência do arquiteto, que não era de desistir.

Não fora ele o grande susto da vida política brasileira, após séculos de mesmice, de elites governando? Não fora candidato por quatro vezes até o sonho se materializar em 2002, treze anos depois da primeira candidatura a presidente, em 1989? É, treze anos depois, justo o 13, número do partido que fundara 22 anos antes. Não fora ele o primeiro presidente operário da história do Brasil? E agora, pensou Lula, por que não ousar com uma mulher? Sabia-se navegando contra a corrente. Mas, pensou, e quando não foi assim em minha vida?

Em Dilma, a firmeza, a obstinação, aquela mania de perseguir objetivos com determinação, o impressionavam muito. Sabia: o segundo grande susto podia ser Dilma. Primeiro aquele espanto do operário. Agora, o assombro da mulher. Observava as reações. Ninguém se atrevia a muxoxos em sua frente. Pisou no acelerador e transformou-a em candidata depois de quebrar resistências, mostrar o quanto havia de novidade na proposta, de revolucionário, um novo marco civilizatório para o país: uma mulher dirigindo os destinos de uma nação do tamanho do Brasil. Isso nunca acontecera antes.

Não só por mulher, mas também por mulher. O PT o convencera ao longo da vida do machismo entranhado na sociedade brasileira. Do predomínio de uma visão patriarcal. Da exclusão das mulheres no terreno da política. Tratava-se agora de ir fundo, de ousar lutar, ousar vencer, derrubar altares, sacudir pilares de uma sociedade mandada apenas pelos homens. Dilma presidenta poderia, senão sepultar, ao menos abalar, e profundamente, nossas seculares estruturas machistas.
 
Além disso, Lula sabia do caráter de Dilma, da lealdade ao projeto político da revolução democrática em andamento. Na Presidência, daria continuidade às mudanças profundas que o Brasil experimentara até ali. Lula refletia sobre o quanto o país havia mudado desde sua eleição em 2002, o quanto havia conseguido de melhorias nas condições de vida do povo, dos mais pobres especialmente. Queria isto, só isto: sua sucessora devia continuar todas aquelas políticas cujas repercussões atingiram generosamente a qualidade de vida dos mais pobres. E ele guardava no coração a certeza de que Dilma o faria. Ela era a melhor alternativa de que o PT dispunha. Tinha convicção disso. E não se impressionava com os números iniciais das pesquisas, a indicar o candidato José Serra como favorito.

Foi só o nome ser insinuado, não propriamente lançado, e as desqualificações tiveram início. Pela mídia, a velha mídia. Utilizando-se de suas fontes tradicionais. Pretendiam, a mídia e suas fontes, assustar Dilma. É muito provável que os adversários não a conhecessem bem. Talvez estivessem contaminados pela ideologia tradicional sobre a mulher, aquela incapaz de suportar trancos muito fortes, a fraquejar diante do trovejar masculino.

Como diria o velho Brizola, estavam rotundamente enganados. De ainda quase menina, sempre soube da luta. Gosta de um provérbio de larga utilização no Sul, por onde andou por muitos anos: “Não tá morto quem peleia, disse a ovelha, cercada por 50 cachorros”. Nas Minas Gerais deve ter se inebriado com Milton Nascimento: “Nada a temer senão o correr da luta, nada a fazer senão esquecer o medo”.  

Hannah Arendt dizia: “A coragem é a principal virtude da política”. A Dilma, coragem é um atributo a socorrê-la sempre nos momentos decisivos. Não se sabe, ninguém sabe, que pensamentos passavam pela cabeça de Dilma ao olhar o cenário. Quem sabe, cotejasse trajetórias – a sua e a de Serra.
Em tese, era possível admitir uma contenda civilizada, de bom nível, discussão de projetos para o país, mesmo diferentes, como haveriam de ser. Afinal, o adversário havia sido ex-presidente da UNE, exilara-se, fora o principal coordenador da organização revolucionária Ação Popular em Santiago do Chile antes de Allende ser deposto pelas armas assassinas do general Pinochet. Ela percorrera caminhos diferentes, era de outra geração, mais nova.

Esteve na linha de frente do combate direto à ditadura, na Vanguarda Armada Revolucionária Palmares  (VAR-Palmares). Comeu o pão que o diabo amassou. Presa em janeiro de 1970, torturada por 22 dias ininterruptos, só foi solta no final de 1972. Os dois, cada um a seu modo, percorreram as estradas ásperas do combate à ditadura, as de Dilma muito mais ásperas. Seguiram caminhos diversos após o domínio dos militares. Serra enveredou para a direita, celeremente, encantado com o neoliberalismo. Dilma, sempre à esquerda. Diferentes, muito diferentes. A contenda civilizada era só uma tese. Não acontecerá. O jogo será duro.

Dilma provavelmente não esperasse uma mídia tão raivosa, tão deliberadamente contra ela, tão preconceituosa, tão capaz de ardis e malabarismos para tentar derrotá-la. Sim, sabia da ofensiva desenvolvida contra Lula, desde 2005, sobretudo, quando explodiu o caso rotulado de mensalão. Mas imaginava uma cobertura minimamente responsável, nem que eventualmente pendesse mais para o adversário. Fosse o que fosse, pensasse o que pensasse Dilma, a mídia hegemônica tinha posições claras a respeito da sucessão. Iria continuar a combater de modo intransigente o projeto político que se iniciara em 2003, com a posse de Lula. Havia sido derrotada duas vezes, não queria um terceiro revés.

A insistência em recorrer a exemplos girando principalmente em torno da Folha de S.Paulo, cujo comportamento na eleição de 2010 foi analisado com rigor por Jakson Ferreira de Alencar em A Ditadura Continuada: Fatos, Factoides e Partidarismo da Imprensa na Eleição de Dilma Rousseff, não pode e não deve obscurecer o fato da performance quase homogênea da mídia hegemônica, cujo discurso político e práticas têm sido unitários, voltados ao combate ao projeto político em andamento desde 2003. A uniformidade na grande mídia só foi quebrada pelos telejornais da Rede Record e pela revista IstoÉ, sem que seja necessário ressaltar a postura independente, já antiga, de CartaCapital.

Instituto Millenium

Vamos nos entender: nas eleições de 2010, a mídia hegemônica não atuou de modo espontâneo. Digo isso, e volto: será que em algum momento de nossa história recente o fez? Nessas eleições, atuou de caso pensado, planejado: tratava-se de dar uma ordem unida para um combate sem tréguas ao presidente Lula, ao seu governo e à sua candidata. Claro que os cultores da ideia de que o jornalismo faz “cobertura” dos acontecimentos irão perguntar de onde se tira essa presunção, qual a base para essa afirmação, que fato pode lastrear tal formulação. Vamos então tentar responder a isso para evitar ser acusados de visões conspiratórias. Temos defendido ser o jornalismo brasileiro, lato sensu, um partido político, tal e qual o pensava Gramsci, e o fato ao qual vamos nos referir evidencia isso.

A ordem unida ao partido midiático foi dada em encontro realizado em São Paulo, no dia 1º de março de 2010, denominado pomposamente 1º Fórum Democracia e Liberdade de Expressão. Pelo nome, podia até enganar incautos. Pensando bem, difícil o fizesse, especialmente porque se cobrou uma taxa de R$ 500 por participante. Ali só foi quem tinha negócio. Promovido pelo Instituto Millenium, cuja autodefinição é a de não ter vinculação político-partidária e ter como objetivo promover a democracia, a liberdade individual, a propriedade privada e a economia de mercado, o encontro pretendeu ditar os rumos de toda a cobertura para o enfrentamento das eleições presidenciais.

A velha mídia rasgou a fantasia. O jornalismo, ora, o jornalismo, fosse mandado às favas. Importante mesmo, não importassem os meios, era derrotar o PT, evitar a vitória de Dilma – se ela vencesse, vociferavam os barões midiáticos, seria o terceiro mandato do projeto petista, um escândalo.

Os anfitriões do encontro: Roberto Civita, da Editora Abril, Otávio Frias Filho, da Folha de S.Paulo, e Roberto Irineu Marinho, da Rede Globo, magnatas do oligopólio midiático. Volto: não é que houvesse novidade. No entanto, com o Instituto Millenium, a articulação golpista da mídia assumia uma natureza mais orgânica, mais escancaradamente política. Definia-se, sem tergiversações possíveis, uma central política e ideológica destinada a fazer um combate sem tréguas ao específico projeto político em curso no país.

Não há dúvida de que o Instituto Millenium flerta abertamente com o passado. Inspira-se no Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipes) e no Instituto Brasileiro de Ação Democrática (Ibad), ambos financiados pelos EUA a partir do final dos anos 1950, início dos 1960, dedicados, ambos, a estimular e a articular o golpe de 1964. Toda a ideologia dos dois institutos era fundada no combate ao “avanço do comunismo”. Artigos e informações provenientes do Ipes/Ibad eram publicados em diversos jornais, criando o cenário favorável ao golpe. O Millenium, nitidamente inspirado em seus antecessores, faz um combate organizado contra as experiências dos governos progressistas da América Latina.

Tem quase obsessão pelo combate a Lula. Como tinha por Chávez quando vivo. Não gosta de Evo Morales, Rafael Correa, Pepe Mujica nem de Cristina Kirchner. De ninguém afinado com ideias progressistas. Constituiu-se numa organização de direita, dirigida por poderosos meios de comunicação dispostos a fazer de tudo para pôr seus propósitos em prática. Esse encontro de março de 2010 foi a bússola para o que aconteceria durante todos os meses seguintes, até o segundo turno. Deu régua e compasso para a tentativa de construção de um cenário anti-Dilma.

O Instituto Millenium conta com especialistas, se a estes for possível qualificar assim: José Nêumanne Pinto, Roberto DaMatta, Rodrigo Constantino, para citar alguns. O contingente é comandado por Eurípides Alcântara, diretor de redação de Veja, onde semanalmente se reproduz o ideário completo do Millenium. O subcomandante é Antonio Carlos Pereira, editorialista de O Estado de S. Paulo. A dupla representa dois dos quatro conglomerados de mídia que formam o quartel-general político-ideológico da entidade: a Editora Abril e o Grupo Estado. Os outros são as Organizações Globo e a Rede Brasil Sul de Comunicação (RBS). Todo ano, o Millenium promove o Dia da Liberdade de Impostos e organiza debates sobre democracia e liberdade de expressão. Para tais promoções, conta com Marcelo Tas, da Band, e Diogo Mainardi e Reinaldo Azevedo, ambos de Veja.
 
No Brasil, as forças de direita não gostam de ser chamadas de direita. Não saem do armário. No entanto, é preciso chamar as coisas pelo seu nome. O Instituto Millenium é uma organização de direita. Alguns dos seus integrantes mais idosos participaram entusiasticamente das Marchas da Família com Deus pela Liberdade que deram base social ao golpe de 1964. Depois, claro, apoiaram a ditadura. Outros, mais jovens, construíram carreiras, principalmente na mídia, e fizeram fortuna com um discurso tosco de criminalização da esquerda, dos movimentos sociais, de minorias, e contra qualquer política social, como Bolsa Família e cotas nas universidades. Uma organização de direita. Melhor se  definisse assim. Não precisaria gastar muito latim para se definir.

O fórum contou com o apoio da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Associação Nacional de Editores de Revista (Aner), Associação Nacional de Jornais (ANJ) e Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap).

Por lá, pelo fórum do Instituto Millenium, andaram figuras conhecidas de nossas noites. Como Jabor, ele, o Arnaldo. Durante sua conferência, travestiu-se de psicanalista-sociólogo, disse conhecer a cabeça dos comunistas, esses seres perigosos, hoje no poder – é porque ele acredita, não sei se seriamente, num PT totalmente aparelhado por comunistas. “Fui do PC, e isso (cabeça de comunista) não muda, é feito pedra.” Um nível de fazer inveja a Freud, como se vê. O problema, prosseguiu nosso psicanalista, é que os petistas (= comunistas) “se consideram superiores a nós, donos de uma linha justa, com direito a dominar e corrigir a sociedade segundo seus direitos ideológicos”. E anuncia o apocalipse se a velha mídia não derrotar a candidata Dilma:

Minha preocupação é que, se o próximo governo for da Dilma, será uma infiltração de formigas neste país. Quem vai mandar no país é o Zé Dirceu e o Vaccarezza. A questão é como impedir politicamente o pensamento de uma velha esquerda que não deveria mais existir no mundo.

Vejam: uma esquerda que não deveria mais existir no mundo. Assume posição de comando, ares de general comandando tropas, definindo diretrizes de atuação, criticando, vejam só, a timidez da imprensa brasileira com os perigosos comunistas do PT – e ainda há quem pretenda ver na velha mídia alguma tentação habermasiana, republicana, seguidora de mínimos padrões liberais. No caso brasileiro, essa ilusão é fonte de muitos erros, na política sobretudo. Jabor, o Arnaldo, não fala por si. Ecoa vozes ancestrais e atuais, repõe a Casa Grande na atualidade, o medo de que esses comunistas possam ser reeleitos pelo zé-povinho que nada sabe:

O perigo maior que nos ronda é ficar abstratos enquanto os outros são objetivos e obstinados, furando nossa resistência. A classe, o grupo e as pessoas ligadas à imprensa têm de ter uma atitude ofensiva, e não defensiva. Temos de combater os indícios, que estão todos aí. O mundo hoje é de muita liberdade de expressão, inclusive tecnológica, e isso provoca revolta nos velhos esquerdistas. Por isso tem de haver um trabalho a priori contra isso, uma atitude de precaução. Senão isso se esvai. Nossa atitude tem de ser agressiva.

Outro deles, Demétrio Magnoli, a quem foi conferida a honra de abrir o encontro, quis dar-se ares de originalidade ao analisar o PT, definido por ele como um aparato controlado por sindicalistas e castristas, a pretender, vejam só o perigo, a retomada e restauração de um programa remanescente dos antigos partidos comunistas. Nada mais distante do PT – seja na sua origem, menos ainda na atualidade. Outro palestrante, a se querer filósofo, Denis Rosenfield, enxerga o PT como uma assustadora ameaça à liberdade de imprensa e como uma organização a favor do stalinismo.

Reinaldo Azevedo chama a tigrada para a luta: “Na hora em que a imprensa decidir e passar a defender os valores que são da democracia, da economia de mercado e do individualismo, e que não vai se dar trela para quem a quer solapar, começaremos a mudar uma certa cultura”.

Ainda em março de 2010, a presidenta da Associação Nacional dos Jornais – e superintendente da Folha de S.Paulo –, Judith Brito, deu declaração, famosa pela sinceridade, a respeito do papel da mídia hegemônica: “A liberdade de imprensa é um bem maior que não deve ser limitado. A esse direito geral, o contraponto é sempre a questão da responsabilidade dos meios de comunicação. E, obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada”.

Referências
 
ALENCAR, Jakson Ferreira de. A Ditadura Continuada: Fatos, Factoides e Partidarismo da Imprensa na Eleição de Dilma Rousseff. São Paulo: Paulus, 2012.
AMARAL, Ricardo Batista. A Vida Quer É Coragem – A Trajetória de Dilma Rousseff, a Primeira Presidenta do Brasil. Rio de Janeiro: Sextante, 2011.
AZEVEDO, Ricardo de. Por um Triz: Memórias de um Militante da AP. São Paulo: Plena Editorial, 2010.
BARBOSA, Bia. “Grande mídia organizada – Campanha contra candidatura de Dilma”. Carta Maior. Publicado em 2/3/2010. Disponível em Carta Maior  (acesso em 14 /10/2013).
CARRARA, Mauro. “Operação ‘Tempestade no Cerrado’, o que fazer”. Viomundo. Publicado em 31 de março de 2010. Disponível em Viomundo   (acesso em 14/10/ 2013).
CARVALHO, Aloisio Castelo de. A Rede da Democracia: O Globo, O Jornal e Jornal do Brasil na Queda do Governo Goulart (1961-64). Niterói: Editora da UFF e NitPress, 2010.
DÓRIA, Palmério; SEVERIANO, Mylton. Crime de Imprensa: um Retrato da Mídia Brasileira Murdoquizada. São Paulo: Plena Editorial, 2011.
KUSHNIR, Beatriz. Cães de Guarda: Jornalistas e Censores, do AI-5 à Constituição de 1988. São Paulo: Boitempo Editorial, 2004.
RIBEIRO JR., Amaury. A Privataria Tucana. São Paulo: Geração Editorial, 2011.
THOMPSON, John B. O Escândalo Político: Poder e Visibilidade na Era da Mídia. Petrópolis: Vozes, 2002.

- Emiliano José é professor-doutor (aposentado) em Comunicação e Cultura Contemporâneas da Universidade Federal da Bahia, jornalista, escritor e integrante do Conselho de Redação deTeoria e Debate
 
Teoria e Debate, Edição 118, 06 novembro 2013
 
 
https://www.alainet.org/en/node/80700
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