Escolha de Haddad confirma sabedoria de Lula

12/09/2018
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É preciso reconhecer que o Judiciário brasileiro fez o que estava a seu alcance para facilitar a vitória dos adversários do povo brasileiro em 2018, retirando Luiz Inácio Lula da Silva da lista de candidatos às eleições de outubro.

 

Lula está fora da disputa graças a manobras jurídicas indefensáveis e covardes, que em vários momentos ainda incluiram pronunciamentos de generais com seus tanques, bombas e canhões. 

 

Eleito presidente duas vezes, também por duas vezes Lula ajudou a eleger Dilma Rousseff. Em 2018, aos 72 anos, popular como nunca foi em outras campanhas, exibe uma força descomunal, que soma a memória de seu governo com a consciência da tragédia que o condomínio Temer-Meirelles representam para o país. Enxovalhado desde 2005, na AP 470, o Partido dos Trabalhadores, fundado sob sua liderança, se reafirma como o mais aprovado, de longe, entre os partidos brasileiros. A diferença é 6 por 1 ou mais.

 

Nesse ambiente próprio para uma vitória imbatível, dentro de todas as regras da democracia, nossos homens e mulheres de toga emparedaram o maior líder político de nosso tempo, ameaçando conduzi-lo a um labirinto sem saída.

 

Queriam que desistisse. Como os antigos fizeram com Sócrates, imaginavam que fosse ingerir o veneno que o mataria. Como os tiranos modernos, dos calabouços frios, para sentenças perpétuas já encomendadas, queriam a confissão de crimes não cometidos, a delação de inocentes, a vergonha dos que se derrotam antes de fugir da história.

 

Se a mensagem adversária era clara, a resposta de Lula também é. Do fundo da cela de Curitiba, mandou dizer que prossegue na luta. 

 

Com a experiência de quem passou fome antes de inventar o Bolsa Família, Lula entende que, no país de hoje, uma campanha eleitoral envolve o esforço urgente pela criação de empregos, a defesa da soberania do país, o salário e o Estado Democrático de Direito. Pode ser e é, uma questão de vida ou morte -- confirmada pelas estatísticas assassinas que assombram o país de Temer. 

 

Com a convicção de que o povo só se mobiliza para atingir aqueles objetivos que se considera capaz de alcançar, Lula aposta que a reconstrução brasileira só pode começar por uma vitória na eleição presidencial. Por essa razão decidiu lançar a candidatura de Fernando Haddad e há vários dias -- mesmo aguardando recursos jurídicos -- empenha-se a fundo por sua vitória.

 

Tem certeza de que, através do voto -- o mesmo instrumento que levou o PT ao Planalto por quatro vezes -- será possível abrir uma nova relação de forças na política brasileira, interrompendo o ataque brutal a direitos e conquistas.

 

Como operário e filho de uma mãe que não sabia ler nem escrever, Lula aprendeu a desprezar o pedantismo dos intelectuais incapazes de reconhecer a cultura popular.

 

Também demonstrou sabedoria para reconhecer o papel insubstituível de quem, a exemplo de Haddad, titular de três títulos universitários, abandonou o mundo egoísta de nossas elites e se mostrou capaz de romper com o universo fechado de nossa cultura -- tão exclusivo como as grandes fortunas econômicas -- para colocar-se a serviço do bem-estar do povo e no combate às desigualdades.

 

Essa é a união que será apresentada às urnas.

 

Basta ler corretamente as pesquisas para entender que, entre todos os candidatos embolados num segundo lugar, Haddad já desponta como aquele que apresenta melhores condições de chegar ao segundo turno. Próxima batalha de uma guerra sem prazo para terminar, sabemos todos. Mas o dia de amanhã promete mais luz do que ontem.

 

- Paulo Moreira Leite é colunista do 247, ocupou postos executivos na VEJA e na Época, foi correspondente na França e nos EUA

 

11 de Setembro de 2018
https://www.brasil247.com/pt/blog/paulomoreiraleite/368418/Escolha-de-Haddad-confirma-sabedoria-de-Lula.htm

 

https://www.alainet.org/pt/articulo/195270
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