Trump financia golpe em Honduras

07/12/2017
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Em meio à convulsão social provocada pelas acusações de fraude nas eleições presidenciais de 26 de novembro e em pleno estado de sitio e toque de recolher no país, Juan Orlando Hernández, presidente de Honduras e vencedor contestado do pleito por apenas 46 mil votos, ao qual nem poderia ter concorrido de acordo com a constituição deu talvez a mais desabrida e vergonhosa demonstração de submissão colonialista ao agradecer publicamente ao Secretario de Estado dos Estados Unidos, Rex Tillerson, que estava ao seu lado, “por aprovar a autorização de desembolsos de cooperação bilateral desse país para Honduras”.

 

Sublinhou que “essa é uma mensagem muito importante que nós apreciamos como povo e reconhecemos esse gesto de boa vontade”.

 

“Mas também reflete como estão nos vendo e nesse sentido, como hondureños, todos, absolutamente todos temos que nos sentir contentes, alegres com esse passo”.

 

“Ao Secretario de Estado Tillerson, muito obrigado por essa confiança ao emitir essa autorização”.

 

Depois de disputar a eleição de forma irregular, e a ganhar sob enormes suspeitas de fraude na contagem de votos, e cujo resultado está em suspenso, à espera de uma possível recontagem exigida pelo candidato perdedor, Salvador Nasralla, Hernández é acusado abertamente por seu oponente de comprar deputados para obter privilégios como esse de afrontar a constituição com aprovação do superior tribunal eleitoral.

 

De acordo com Nasralla, quem manda no tribunal é Hernández. Ele também já disse em entrevista recente à emissora Russia Today, de Moscou que seu oponente deu um golpe há cinco anos quando obteve autorização dos deputados para trocar ministros da suprema corte, “tem cara de ditador” e “não pretende deixar o poder de Honduras tão cedo”.

 

Nunca uma intervenção americana na América Central ficou tão explícita, Trump continua tratando o país como se fosse uma fazenda onde os americanos plantam bananas.

 

Não por acaso, a expressão "Banana Republic" foi cunhada em 1904 pelo escritor O. Henry num livro sobre Honduras.

 

O encontro entre o presidente corrupto e o secretario de Trump, por mais obsceno que fosse, foi transmitido pelas emissoras de TV do país, talvez para que os hondurenhos vissem para quem os americanos dão grana.

 

A escolha de Trump por Hernández não significa que Nasralla seja um perigoso discípulo do bolivarianismo.

 

Embora esteja aliado a Manuel Zelaya, ex-presidente vítima de golpe de estado em 2009 e, este sim, visto como homem de esquerda, Nasralla, locutor esportivo de sucesso, já foi CEO da Pepsi, fundou o Partido Anticorrupção e já declarou que gosta de ideias de esquerda e de ideias de direita e que, se a recontagem de votos (se acontecer) levá-lo ao poder vai governar com gente de esquerda e de direita, mas de "mãos limpas" como ele.

 

Talvez por esse detalhe Nasralla tenha caído em desgraça com Trump.

 

Hernández não gosta de nenhuma ideia de esquerda, nem vai colocar esquerdista algum em seu governo.

 

- Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

 

7 de Dezembro de 2017

https://www.brasil247.com/pt/blog/alex_solnik/330929/Trump-financia-golpe-em-Honduras.htm

 

https://www.alainet.org/pt/articulo/189708
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