América Latina, revoluções inacabadas e reinvenção da esquerda

19/01/2017
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Foto: Seminário sobre Conjuntura Internacional
Maia Rubim/Sul21
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Análises da conjuntura internacional e latino-americana foram os destaques do segundo dia do Fórum Social das Resistências, nesta quarta-feira (18), em Porto Alegre. As mesas foram compostas por palestrantes de oito países, que discutiram recentes reveses sofridos pela esquerda e a necessidade de reinvenção.

 

Pela manhã, durante o Seminário sobre Conjuntura Internacional, o economista francês Gustave Massiah abriu o primeiro debate do dia dizendo que “desde 2008, o neoliberalismo está se esgotando” mas que, mesmo assim, ainda “vivemos em um mundo em que “algumas pessoas têm a riqueza de metade da humanidade”. Para Massiah, estamos sofrendo uma contra-revolução de direita, apoiadas principalmente no “racismo e na xenofobia”, resultado de uma “batalha pela hegemonia cultural, que utiliza duas armas: a desigualdade necessária para o progresso e a noção de que apenas a repressão proporciona a liberdade”. Para o economista, temos revoluções ainda inacabadas, como a de direitos dos povos, a ecológica, a digital e a dos direitos das mulheres — que citou como a mais urgente e importante.

 

A brasileira Socorro Gomes, presidente do Conselho Mundial da Paz, teceu severas críticas à influência norte-americana na América Latina, aos instrumentos de dominação da mídia, ao capitalismo e à elite brasileira, que diz ser “golpista, egocêntrica e burra — porque acha que é inteligente”.

 

Na parte da tarde, o Seminário sobre Conjuntura Latino-Americana contou com a presença de Edgardo Lander (Venezuela), Marisa Glave (Peru), Lilian Celiberti (Uruguai), Ximena Montoya (Chile), Roberto Liebgott e Olívio Dutra. Lander fez uma análise do momento venezuelano e disse que o país “vive profunda crise política, econômica e principalmente ética”. Glave alertou que “existem setores sociais que se identificam com ideais autoritários e próximas ao fascismo”. Para Liegbott, que representou a causa indígena, “temos que fazer uma autocrítica e entender porque os índios permanecem nas margens das rodovias”.

 

Sob palmas e gritos de “Olívio, Olívio” da plateia, o ex-governador do Rio Grande do Sul iniciou sua fala, salientando a importância das lutas sociais, as instituições partidárias e suas perspectivas para os próximos anos: “as alternativas para superar esta crise não são de curto prazo, nem eleitorais e muito menos eleitoreiras”. Olívio Dutra, um dos fundadores do PT, criticou a atuação do próprio partido. “Nós fomos ao governo e aceitamos o jogo. A estrutura do Estado permaneceu intacta”, desabafou. Sobre as eleições de 2018, disse que “a ideia de que Lula vai nos salvar é uma visão muito reducionista” e que “nós não podemos deixar a corrupção, por dentro, privatizar o Estado”. Finalizou dizendo que “é na resistência que a gente cria o novo” sob novos gritos e palmas.

 

Hip-hop encerra o dia no Araújo Vianna

 

Após os debates do dia, o Araújo Vianna foi palco para apresentação de rappers e integrantes de coletivos ligados ao hip-hop. A grande atração foi o rapper cadeirante Moysés, ex-integrante dos grupos Facção Central e A286, que cantou: “a maior deficiência não é física, é social”.

 

18/jan/2017

http://www.sul21.com.br/

 

https://www.alainet.org/pt/articulo/182945
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