"Monopólio não é gol, é golpe; e vai ter luta"
- Opinión
Já são incontáveis as manifestações de torcidas e grupos de torcedores nas ruas e nos estádios, e o papel jogado pelo monopólio midiático no processo ilegal de impeachment de Dilma Rousseff deve ser o estopim de uma nova fase de luta e resistência.
Não são poucos os motivos para os torcedores do esporte mais popular do país se indignarem. Mesmo reduzido à condição de mercadoria, o futebol é extremamente mal tratado pelo obscuro casamento entre a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a Rede Globo. Assim como a emissora, devedora bilionária da Receita Federal, a entidade de natureza privada que controla, administra e explora o nosso futebol também tem as mãos sujas na lama dos negócios ilícitos. Largar o osso? Nem pensar.
Palmeirenses e santistas presentes na marcha antifascista, em São Paulo. Foto: Reprodução/Facebook |
Os escândalos recentes envolvendo figuras de peso da cartolagem brasileira apenas trazem à tona o que se vê de longe, à superfície: há algo de podre no autoproclamado país do futebol. Não à toa o ex-meio campista Alex, consagrado em suas passagens por Coritiba, Palmeiras, Cruzeiro e Fenerbahçe-TUR, disparou, ainda em 2013: “Quem cuida do futebol é a Globo, a CBF é só a sala de reuniões”.
Alex tem razão. O jogo às 22 horas - transferido recentemente, em um comovente ato de bondade e generosidade da Globo, para 21h45 - é um exemplo de como a emissora não se importa em destruir o que estiver em seu caminho para fazer valer seus interesses comerciais. Soma-se a isso a arbitrariedade e a interferência dos engravatados globais na elaboração das tabelas e fórmulas de competições e a desvalorização sistemática de clubes de divisões inferiores ou do interior e determinadas regiões do país - estados com quadros tradicionais, como Maranhão, Paraíba, Piauí e Rio Grande do Norte, ainda são obrigados a assistir o Campeonato Carioca.
Botafoguenses e vascaínos se manifestam na final do Campeonato Carioca. |
Nesse caldeirão, acrescenta-se o ingrediente final: um golpe perpetrado por gangsters, conspiradores e oportunistas sob o comando de ninguém mais, ninguém menos que o correntista suíço Eduardo Cunha, com suporte decisivo da meia dúzia de famílias donas da mídia e da Globo (não apenas a TV, mas seus demais canais, portal, rádios, jornais diários e todo tipo de propriedade cruzada imaginável).