Lugo, Morales e Mujica participam do ato de encerramento do IV Fórum Social das Américas

14/08/2010
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Com a presença dos presidentes Fernando Lugo(Paraguai), Evo Morales(Bolívia) e Pepe Mujica(Uruguai) se encerrou o IV Fórum Social Américas (FSA) realizado de 11 a 15 de agosto em Assunção, Paraguai. O IV FSA reuniu movimentos e redes sociais das américas, foi apresentado aos presidentes as conclusões dessa partitipação na Assembléia dos Movimentos Sociais, realizada algumas horas antes do encerramento.
 
O encontro com os presidentes ocorreu num clima de festa onde ouviam-se clamores por reforma agrária, contra a militarização e criminalização dos povos e da unidade latinoamericana.
 
Fernando Lugo: Defesa da soberania
 
"Nossa América Latina está a caminho." Com estas palavras, ditas também em Guarani, o presidente do Paraguai Fernando Lugo iniciou sua saudação aos participantes das diversas organizações e movimentos sociais presentes no encerramento do IV Fórum Social das Américas.
 
Lugo também disse aos presidentes da Bolívia e do Uruguai, que há alguns anos atrãs era impensável que um índio ou um ex-guerrilheiro chegassem a ocupar a presidencia em países da América Latina, acrescentando que "ainda não atingimos a meta, e não devemos perder de vista, a luz que nos mostra o IV Fórum Social das Américas, uma luz que vem para iluminar o caminho da América Latina ".
 
Fernando Lugo, relembrou os libertadores Simón Bolívar, San Martín, Artigas as mulheres que lutaram pela libertação do continente: "Quanto terão sonhado nossos pais Pátria ver este momento? Um só povo em marcha na construção da grande pátria, o sonho frustrado por dois séculos. "
 
Lugo afirmou que as manifestações de solidariedade ao povo paraguaio, que é a força que sustenta o caminho irreversível da mudança, dizendo que sem a diversidade cultural e o pluralismo não se pode avançar para uma verdadeira construção da América Latina.
 
Os povos e os governos progressistas, fazem sérios esforços para recuperar os recursos naturais, reafirmando e consolidando a soberania, para garantir os processos de integração que se desenvolvem em benefício dos povos. Assim, o Paraguai aposta em uma integração energética regional e subregional, dispondo soberanamente de seus recursos, sob um novo modelo solidário.
 
O presidente do Paraguai também alertou sobre os perigos que espreitam à América Latina, lembrando o exemplo do golpe de Estado em Honduras. Acrescentou que “a paz na região é outro elemento da democratização que vivem os países, frente às tentativas de desestabilização destes processos democráticos. O confronto direto não faz parte de nossa agenda, e fato disso foi o caso da Colômbia e a Venezuela, que constroem novas formas de superar os problemas”.
 
O novo desafio para Fernando Lugo, é a urgência de adotar políticas públicas que permitam erradicar a pobreza, instalar um sistema de saúde preventiva, destinar fundos para ter uma educação gratuita e a formação de quadros e profissionais qualificados, recalcando que este desafio se deve construir com os movimentos sociais para fazer realidade frente ao sonho de milhões de pobres no continente.
 
Pepe Mujica: A importância da diversidade
 
O Presidente da República do Uruguai, José Mujica, colocou em uma breve intervenção, que não há um só modelo de democracia e hoje a luta deve incluir a multiplicidade de modelos, acrescentando que “isso obriga a refletir que se deve aprender a viver sem agredir aos demais, a liberdade deve estar pensada desde a diversidade…Não alcançamos forjar ainda uma só pátria, grande é a marcha, longo o compromisso, imensa a esperança”.
 
Evo Morales: Ao capitalismo não interessa a vida
 
Evo Morales destacou os lucros econômicos alcançados pelo seu governo. Nos últimos 40 anos, a Bolívia tinha permanentes déficit fiscais, no entanto agora é um país com bons imvestimentos e isso graças à recuperação dos recursos naturais e ao feito de ter se libertado dos condicionamentos do G7 (países mais ricos do planeta) e do Fundo Monetário Internacional. “Esta é uma rebelião democrática contra o imperialismo, agora estamos melhor que antes”, manifestou Morales.
 
Morales denunciou que em décadas passadas foram usadas armas para lutar pelas mudanças, mas agora é o imperialismo que recorre às armas para frustrar os processos de mudança da América Latina, utilizando os pretextos do narcotráfico e o terrorismo. “Na Bolívia e em outros países os dirigentes sociais, sindicais e políticos são acusados de narcotraficantes, os jornais noticiam que o sub-comandante é narcotraficante, que Hugo Chávez é narcotraficante. Mas desde 11 de setembro de 2001, depois do problema das Torres Gêmeas, agora os líderes antiimperialistas e antineoliberales são acusados de serem terroristas”.
 
Morales acrescentou que nas últimas semanas há uma campanha, através de meios como CNN que são os inimigos dos povos e defensores do imperialismo, na qual se lançam provocações e ofensas à revolução bolivariana, acusando o presidente Chávez de proteger os terroristas. Acrescentou que para o Departamento de Estado, Chávez é terrorista e Morales é narcotraficante.
 
Em relação à mudança climática, denunciou os efeitos que esta mudança astá causando na Bolívia, onde a onda de frio provocou a morte de milhões de peixes na Amazônia, fenômeno que nunca havia ocorrido; os incêndios, as inundações, as secas nunca antes vistas em alguns lugares só aumentam. Frente a esta situação, o capitalismo, em vez de pensar em salvar a vida reduzindo seus gases de efeito estufa, está pensando em ampliar e salvar seus negócios mediante o mercado de carbono, especialmente vinculado a nossas florestas.
 
O capitalismo, em vez de salvar à humanidade, salvando o planeta terra, faz negócios, não lhe interessa a vida, não lhe interessa a planeta terra, o que lhe interessa é acumular o capital em poucas mãos, e portanto destruindo o planeta, à vida e à humanidade. Por isso, chegamos a conclusão que neste século é importante defender a mãe terra para defender os direitos humanos.
 
Morales assinalou que alguns dos planejamentos da Conferência Mundial dos Povos sobre a Mudança Climática e os Direitos da Mãe Terra realizada em Cochabamba, em abril deste ano, foram incorporados como opções de negociação para a Conferência sobre Mudança Climática de Cancún, entre eles: limitar o aumento da temperatura a um grau centígrado, a redução de emissões até 50% até o ano 2017, os direitos à Mãe Terra e o pleno respeito aos direitos humanos e os direitos dos povos indígenas.
 
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Eduardo Tamayo G. / Sandra Trafilaf / Minga Informativa
https://www.alainet.org/pt/articulo/143451
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