Bônus demográfico impulsiona o PIB
- Opinión
Quando se fala em demografia uma simbologia vem logo a nossa mente: a pirâmide etária. De maneira didática, a contagem da população do país, é estruturada pela metodologia estatística em extratos de cinco em cinco ano de idade. Assim, o censo (contagem da população e outras informações sociais) estabelece o número de indivíduos, masculino e feminino dos 0 aos 4 anos, de 5 aos 9 anos, assim sucessivamente até o estrato de 65 aos 69 anos e os acima desta ultima de idade recenseada. A pirâmide (na realidade um triângulo geométrico estratificado) é dividida ao meio onde a esquerda corresponde aos homens e a direita as mulheres. Esta é a metodologia utilizada desde que se começou a contagem da população de maneira científica, e começou ter plena divulgação na Suécia nos séculos XVIII. Embora os censos venham sendo feitos deste os tempos bíblicos (o nascimento de Jesus ocorreu num censo romano), só eram de conhecimento das altas autoridades, por questão de segurança, ou seja, para que outros países ou povos de então, não tivessem o conhecimento de seus contingentes.
Da metade do século passado para cá esta pirâmide sofreu uma distorção significativa em função do comportamento cultural da sociedade, em todos os países. No Brasil, a redução da natalidade conforme focado em artigos anteriores, levou agora a forma de um vaso tradicional. Isto é, os primeiros extratos foram reduzindo e os estratos superiores (acima de 60 anos) foram se esticando fruto da dinâmica das idades, assumindo por fim a forma de um “garrafão demográfico”, uma vez que acima de 69 anos pela metodologia tem-se um único extrato acumulado.
Pela análise acadêmica mais meticulosa, e acompanhando os últimos censos, a chamada camada produtiva (entre 15 a 60 anos), tinha uma pesada carga social, para sustentar, que eram os jovens e os idosos dos demais estratos da pirâmide. Na década de 1950 havia a proporção de 1,24 adultos para sustentar um indivíduo dos estratos referentes às crianças e a dos idosos pelo conceito acima. Pela estrutura piramidal ou “garrafão” atual (2010), o índice passou para 2,08 adultos para sustentar os demais. Esta diferença oferece uma redução significativa, a que os demógrafos chamam de “bônus demográfico”. Em outros termos, a população economicamente ativa, terá uma carga mais leve permitindo um grande crescimento do PIB. Nesse contexto, diz o Prof. José Eustáquio Diniz Alves do IBGE, "a população não é um entrave, mas sim um fator impulsionador da ‘decolagem' do desenvolvimento". Este fenômeno decorre da queda da natalidade ser maior que a queda da mortalidade, a partir do fim dos anos 70. Ou seja, com o passar dos anos, a soma de idosos e crianças se tornou bem menor do que o total de pessoas na ativa, conclui o professor.
Assim, a redução decorrente da modificação cultural da sociedade pela opção de menor número de filhos por mulher cujo censo de 2010, revelou dramaticamente um número de 1,8 filhos na sua fase reprodutiva, permitiu um bônus decorrente da redução da natalidade e não pelo aumento quantitativo da população. Entretanto, este bônus demografico em que todos os países passarão, tem prazo certo. As recentes convulsões sociais no velho continente, mais particularmente na França e na Grécia, são de se conjeturar que o bônus deles se esgotou. No Brasil nosso bônus deverá esgotar em 2030 segundo estimativas do IBGE, quando então voltará baixar o índice de pessoas na ativa para suportar a chamada carga social. Até lá teremos tempo suficiente para rever toda uma política voltada para o planejamento familiar, estimular o aumento da fecundidade, geração de empregos e as questões previdenciárias inerentes de longo prazo. Assim, aproveitando a experiência européia, deveremos com sabedoria acumular um estoque de riquezas e conhecimentos para quando chegar nosso “Inverno Demográfico” estejamos preparados.
- Sergio Sebold – Economista e Professor de Pós Graduação da UNIASSELVI –Blumenau SC
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