ALCA, MERCOSUL, ALBA- estes sáo os verdadeiros termos do problema

30/06/2007
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Imaginem se uma Comissáo do Parlamento da Venezuela se pronunciasse contra a renovaçáo das concessóes da TV Globo. Poderia alegar que a emissora surgiu sob a ditadura militar, apoiada na empresa norte-americana Time Life, se valeu do regime ditatorial, quando floresceu, valendo-se de privilegios absolutos. Poderia alegar que a emissora tentou impedir a vitória de Leonel Brizola na eleiçáo para governador do Rio de Janeiro, em 1982, tentando promover uma fraude.

Poderia alegar que a emissora da famlia Marinho tentou desconhecer a campanha pelas eleiçóes diretas. Que editou de forma totalmente parcial e falseado o ultimo debate nas eleiçóes presidenciais. Poderia alegar que o principal moticiário dessa TV deixou de noticiar o mais grave acidente da aviaçáo brasileira – jà noticiado por outros ´órgaos da imprensa – para levar a cabo uma manobra eleitoral.

Poderia alegar uma lista interminavel de argumentos para pronunciar-se contra a concessáo da renovaçáo â TV Globo.

Se tivesse havido um pronunciamento desse tipo, quais seriam os efeitos no Brasil? Entre tantas outras coisas, se exigiria do presidente brasileiro um pronunciamento duro contra o Parlamento venezuelano, se formaria um coro de gritos pedindo medidas contra essa intervençáo nos assuntos internos do nosos pais, que afetaria nossa soberania. Um rosário de medidas seria propagado pela imprensa oligarquica, pelos partidos da direita e por seus ventrilocos.

Porém, aconteceu o oposto. Uma Comissáo do Senado brasileiro, como se náo tivesse que se preocupar com a ditadura da mídia oligarquica no nosso país, se pronunciou contra uma medida que se choca com essa mesma ditadura na Venezuela e promove a democratizaçáo no processo de formaçáo da opiniáo pública.

Quem trata de se aproveitar disso é a mesma direita que promovou a posiçáo da comissáo do Senado brasileiro, buscando colocar obstáculos ao ingresso pleno da Venezuela ao Mercosul. Quem ganharia e quem perderia, caso essa insensata posiçáo fosse tomada pelo Parlamento brasileiro?

O Mercosul voltaria â situaçáo que tinha até um ano atrás, antes da reuniáo de Córdoba, em julho, quando a Venezuela e a Bolivia ingressaram ao Mercosul e Cuba se aproximou. O Mercosul começava a se livrar do circulo vicioso a que havia sido condenado pelas grandes corporaçóes brasileiras e argentinas, disputando mercados entre si e relegando o Paraguai e o Uruguai a um papel totalmente marginal. Trabalham no fundo para o fracasso do Mercosul, para o isolamento do Mercosul em relaçáo â Alba e para sua aproximaçáo com a Alca e os tratados de livre comércio na regiáo.

Enquanto a Alba avança na construçáo de um espaço exemplar de “comércio justo”, do qual deveriam participar o Brasil, a Argentina, o Uruguai e todos os paises que aspiram a construçáo de “um outro mundo possivel”. Um comércio em que as trocas náo se dáo a preço de mercado – um mercado controlado pelas potëncias do norte do mundo -, mas pelas necessidades e possibilidades de cada país.

Que o Senado trate de se depurar dos seus membros notoriamente envolvidos em casos de corrupçáo, que trate de promover uma legislaçáo que fortaleça a democratizaçáo da midia pública no Brasil e debilite a ditadura das oligarquias privadas, que apoie a politica externa independente e náo se preste a favorecer os interesses dos grandes monopolios privados, inimigos da integraçáo regional e adeptos da Alca e dos tratados de livre comércio. Que se ocupe dos candentes problemas brasileiros e da integraçáo latinoamericana, deixando os problemas internos ds outros paises para que seus governos – eleito e reeleito democraticamente pelo povo venezuelano, no caso em questáo – decidam.
https://www.alainet.org/es/node/121987
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