Acumular forças para construção de um projeto popular de transformações na nossa sociedade

Declaração Política do Movimento Consulta Popular

01/10/2001
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- Nosso caminho é a construção do movimento consulta popular - 1. Enfrentaremos por longo período as conseqüências do processo de esgotamento de todo um ciclo político que marcou a esquerda brasileira. Nos últimos 30 anos, a tática das forças de esquerda foi gradativamente se centralizando pela luta eleitoral. 2. Esta tática que acabou se convertendo em estratégia, se revelou ineficaz e nos desarmou ante a imensa força de cooptação do regime democrático liberal. Nossos melhores quadros, recursos e esforços foram destinados à luta eleitoral, menosprezando o trabalho de base e a formação ideológica dos lutadores populares. Priorizando a conquista de espaços parlamentares e postos administrativos, pouco se acumulou na disputa política e ideológica da sociedade, na elevação da consciência e organização autônoma das lutas populares. Além disso, essa tática disseminou a confusão na militância e no povo, pois transformou a bandeira das liberdades democráticas, que sempre defendemos, em apoio incondicional a institucionalidade burguesa, que é, na verdade, um instrumento de dominação de classe. Ao invés de educar sobre os limites das instituições atuais e a necessidade de transformá-las, alimentou ilusões e amorteceu a organização popular. 3. A atual crise política, por outro lado, exerce um papel pedagógico. O povo cada vez mais percebe que esse manipulado jogo político não é claro nem acessível e não transformará a existência real de ninguém, marcada pelo cotidiano de luta pela sobrevivência, esmagamento e alienação. O resultado é um amplo descrédito na atividade política. O discurso se banaliza e todos parecem mais ou menos iguais. 4. As classes dominantes se aproveitam para desqualificar todo o pensamento de esquerda. 5. O impacto da crise também gera um rearranjo das forças de esquerda e o surgimento de novas organizações. Novos partidos, articulações sindicais e movimentos sociais surgem, gerando um importante debate ideológico entre os militantes, embora muitas vezes calcado no internismo, na mera disputa, sem preocupar-se com os verdadeiros inimigos de classe. 6. Sabemos que a luta eleitoral ainda não se esgotou e respeitamos as iniciativas que acreditam que é possível acumular através desta tática. Mas deixamos claro que esse não é o nosso principal caminho. 7. Apostaremos no diálogo e na relação de complementaridade com todas as iniciativas que querem mudanças antineoliberais e constroem mobilizações e forças organizadas de massa. 8. Entendemos que neste momento a unidade entre as forças de esquerda não se dará em torno de um mesmo instrumento político ou mesmo de uma única tática. E, provavelmente, ao contrário dos últimos anos, não haverá unidade das esquerdas nas próximas eleições. 9. A unidade entre as forças e organizações de esquerda somente será possível em torno de ações e lutas de massa e na construção de um programa mínimo que contemple as bandeiras de um projeto popular. 10. Reiteramos que o Movimento Consulta Popular não se coloca como rival de nenhum partido ou organização de esquerda. Não pretende enfatizar disputas ideológicas com eles, nem subtrair seus militantes. Muito menos buscar protagonismos e hegemonismos. Mas deixamos claro que não pautaremos nossa atuação pelos ritmos, necessidades e os métodos desses partidos; de modo especial, não nos pautaremos pelas demandas do calendário eleitoral. 11. Queremos ser uma organização de novo tipo, dirigida para a luta, e cujas marcas sejam a unidade ideológica e de valores, a disciplina militante e a fidelidade ao povo. Este é um processo em construção. Os integrantes do Movimento Consulta são os lutadores populares que se centralizam por sua estrutura organizativa. 12. Lutamos, também, na atualidade, por uma reforma política profunda que incorpore mudanças radicais nas formas de representação partidária e política, garantindo ao povo o direito à democracia direta, bem como outras formas de participação na vida política do país, tais como a aprovação do direito do exercício do plebiscito e da revogação dos mandatos, por iniciativa popular. 13. Somos um movimento anticapitalista com ideologia socialista que não acredita na possibilidade de saídas intermediárias que mantenham o capitalismo. Investimos num projeto que implica em ruptura e, portanto, exige um incansável trabalho de construção de força social. Em outras palavras, defendemos a necessidade de alterar o sistema de poder que comanda o Brasil. 14. Defendemos uma plataforma claramente anti-neoliberal que consiga reunir forças sociais capazes de acumular para um novo projeto popular para o país. Um projeto que reorganize e priorize a economia para resolver os problemas e as necessidades fundamentais do povo brasileiro, como: o trabalho, renda, terra, moradia, educação, cultura e saúde. 15. Seguiremos centralizando nossa ação pelo tripé da formação, lutas e organização e convidamos todos os lutadores e as lutadoras populares que se disponham a resgatar o trabalho de base, a formação ideológica socialista e construir o Projeto Popular que nos ajudem nesta construção. Pátria Livre Venceremos! São Paulo, 2 de outubro de 2005. Coordenação Nacional do Movimento Consulta Popular
https://www.alainet.org/es/node/113173
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