Um ano entre a esperança e o medo (III)

15/12/2003
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Em 2004 definitivamente triunfará a esperança ou o medo Terá triunfado o medo se Lula continuar pedindo para ser julgado no final do seu mandato. Se houver expectativa mensal para a reunião do Copom. Se a equipe econômica continuar a ser o setor mais importante do governo. Se eles continuarem a opinar e a cortar recursos para as políticas sociais. Se Guariba continuar a ser exibido como sucesso das políticas sociais do governo. Se Lula e os outros membros do governo continuarem sem dizer que o maior inimigo do país é o capital especulativo e seguirem, ao contrário, agradando a esses capitais para que venham e fiquem, nas condições que bem entenderem Se se continuar exibindo os superávits de exportação como o grande exemplo de pujança da economia brasileira, enquanto se continua a exibir superávits fiscais como prova de seriedade do governo. Se a cotação da Bovespa continuar sendo monitorada várias vezes ao longo do dia, como se espelhasse a radiografia do Brasil. Se Heloisa Helena tiver sido expulsa do PT, sinalizando o fim do caráter democrático e pluralista desse partido. Se continuar a ser sabotada a política externa brasileira levada a cabo pelo Itamaraty por membros da equipe econômica do próprio governo Se cada ministro da área social que pedir recursos, seguir sendo advertido por Lula e seguirá retratando-se Se a reforma agrária não tiver deixado de ser uma promessa Se o Brasil continuar gastando mais dinheiro no pagamento dos juros da dívida do que com saúde e educação Se a reforma trabalhista vier para precarizar ainda mais o mundo do trabalho, tirando-lhe mais direitos Se a reforma política vier só para que as lideranças políticas possam fazer aprovar com mais facilidade ainda seus acordos de cúpula, sem amplos debates e desrespeitando os direitos dos que divergem Mas terá triunfado a esperança em 2004, se Lula voltar a conclamar o povo a se mobilizar para lutar por suas reivindicações e para cobrar suas promessas de campanha, se apontar claramente que o principal inimigo do Brasil é o capital especulativo Se a reforma agrária for finalmente prioridade do governo Se o Mercosul for a prioridade da política externa do governo Se o Itamaraty definir a política externa e não a equipe econômica Se a prioridade social finalmente se tornar realidade Se a política do Malan for substituída por uma política que privilegie o social e não os ajustes Se o tema do emprego for central no governo e se transforme em política articuladora do conjunto de sua ação Se os ministros de educação, de saúde, de cultura, de relações exteriores, de desenvolvimento agrário, das cidades, de minas e energia, do planejamento, forem os centros do governo, deslocando os ministérios econômicos. Se a direita passar a criticar o governo e a esquerda a apóia-lo. Se os banqueiros começarem a se sentir incômodos e os trabalhadores que elegeram o governo que os representa Se o governo Lula deixar de ser apontado como modelo pelo FMI Se todos os índices sociais melhorarem, mesmo se o "risco Brasil" (do capital especulativo) piorar Enfim, se em 2004 o governo se transformar no governo da mudança, se concretizar a prioridade do social, se sair do modelo neoliberal e iniciar uma nova era na história brasileira - terá triunfado a esperança. * Um ano entre a esperança e o medo (I) * Um ano entre a esperança e o medo (II)
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