Avança a luta contra a ALCA

11/11/2002
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As Jornadas de Luta contra a Alca, realizadas em Quito, Equador, de 27 de outubro a 01 de novembro, dão continuidade às lutas que visam barrar a Alca. Quebec, Florianópolis, Porto Alegre e Quito, fazem parte da mesma agenda. Fortalecer a luta contra a Alca para garantir a soberania de nossos países. Ao todo, participaram delegações de 41 países do continente americano, Caribe, Europa. Os objetivos que uniram em Quito a tantos países eram, ampliar o conhecimento dos verdadeiros propósitos da Área de Livre Comércio das Américas, fortalecer as propostas de uma integração alternativa e dar visibilidade à resistência contra Alca. No Encontro Continental de Reflexão e Intercâmbio – Outra América é Possível – que antecedeu às manifestações, houve conferências, seminários, oficinas e debates sobre temas como Alca e Desenvolvimento; Alca e Sociedade e Alca e Democracia. Foram também amplamente debatidos temas como dívida, militarização e alternativas para as Américas. Do Brasil participaram cerca de trinta pessoas. Merece destaque a presença de Dom Demétrio Valentini, bispo de Jales, SP, que no dia 30 celebrou a missa do Grito dos Excluídos/as. Participaram mais de três mil pessoas, sendo que a maioria eram indígenas e militantes dos vários países. Em sua intervenção, Dom Demétrio disse que "a América Latina vive momentos muito tensos. Trata-se de definir nosso rumos; temos que resgatar nossa identidade histórica e cultural e construir nossa identidade política. Os tempos que virão pela frente não são fáceis e por isso temos que criar uma nova solidariedade. Reanimar os povos da AL, é a tarefa da igreja." No dia 31 de outubro houve a marcha pelas ruas de Quito. Mais de cinco mil indígenas, que haviam partido em duas marchas, do norte e do sul do país, há mais de uma semana, juntaram-se às manifestações. A multidão que queria fazer ouvir a sua voz aos ministros dos países que pretendem implantar a Alca, reuniu mais de 16 mil pessoas. Era uma verdadeira festa de democracia e de luta pela soberania. "No queremos, e no nos da la gana, de ser uma colonia, norteamericana" , gritava a multidão numa só voz. As mulheres também eram ouvidas: "El Alca, El Alca és una tonteria; somos mujeres y non mercaderia". A festa da democracia só não foi melhor, porque, mais uma vez, os militares, pagos pelo povo para defender o povo, estavam postados do lado do capital a fim de defender os interesses do império estadunidense. Eram mais de 5100 soldados, armados com bazucas, brucutus, bombas de gás e grades, dispostos em três círculos, ao redor do hotel onde estavam reunidos os ministros. A multidão, ao tentar se aproximar do hotel, foi dispersada com bombas e brucutus, ferindo crianças e mulheres. Mas os manifestantes não desanimaram. Reuniram-se na Praça El Arborito e, no final da tarde, marcharam novamente em direção ao hotel. Uma comissão de 25 pessoas foi recebida e apresentou o documento dos manifestantes. Ao serem ouvidos pelas autoridades, um dos líderes indígenas disse aos ministros que eles não podem representar o povo porque nunca um deles sentiu uma dor de dente, quanto menos passou fome. Disse também que a comissão não estava lá para dialogar e sim para fazer ouvir a sua voz e o seu grito de dor. Como dialogar com quem nos convida e nos recebe com bombas, acrescentou. Os manifestantes diziam em seu documento que não estão contra a que se realizem acordos entre os países. Querem um modelo distinto da Alca; querem acordos soberanos e democráticos que garantam de fato um desenvolvimento justo, eqüitativo e sustentável para cada um dos países. Informaram também aos ministros sobre o Plebiscito que está sendo realizado nos países a fim de que os povos se manifestem se querem ou não a Alca. Algumas lições podem ser tiradas das manifestações de Quito. Fica claro que a luta contra a Alca está crescendo em quase todos os países do continente e do Caribe e a tendência é que este movimento cresça ainda mais. As autoridades precisam escutar o povo e não ter medo de apoiar a realização de plebiscitos, prática saudável, que só faz bem à democracia e que de resto tem sido muito utilizada, por exemplo, na constituição da Comunidade Econômica Européia. A luta não pára. Em novembro haverá em Havana, o II Encontro Hemisférico contra a Alca; durante o III Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, haverá mais uma grande marcha contra a Alca e, em abril, Buenos Aires, realizar-se-á a Cumbre dos Povos, que dará mais força ás mobilizações. As entidades e movimentos voltarão a se reunir, no mês de setembro, em Cancun, no México, quando da reunião da Organização Mundial do Comércio – OMC. Enfim, todos os que participaram das manifestações, tem consciência de que "outra América é possível", e que, contra a dominação imperialista, só uma luta globalizada dos povos, poderá apresentar uma alternativa viável. * Luiz Bassegio, Secretário do Grito dos Excluídos Continental
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