Marque um gol de placa: diga não à Alca!

26/06/2002
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ALCA – Área de Livre Comércio das Américas! Dá para imaginar um livre comércio entre os Estados Unidos, a economia mais poderosa e prepotente do planeta, e as economias fragilizados da América Latina e Caribe? Dá para imaginar lobo e cordeiro fazendo um acordo mútuo? Penso que até o profeta Isaías, após séculos de barbárie liberal, haveria de rever os termos poéticos de sua utopia bíblica! É possível imaginar um tubarão tomando conta de um tanque de sardinhas, ou uma raposa administrando pacificamente o galinheiro? Livre comércio ou jogo viciado, de cartas marcadas, onde a disparidade entre os parceiros é tamanha, que inviabiliza qualquer possibilidade de negociação? Há possibilidade de uma competição justa e leal, quando entram no mesmo ringue um peso pesado e um peso pena? A disputa pode até ser regida por regras e leis igualitárias, mas o destino do segundo lutador está de antemão traçado: hospital ou cemitério. Liberdade absoluta entre concorrentes desiguais favorece o mais forte, livre comércio entre países assimétricos só faz aprofundar as desigualdades. Historicamente, liberalismo ou o neoliberalismo é a arma dos poderosos. A crise mundial leva os blocos econômicos a uma tríplice guerra: guerra ao consumidor, numa luta encarniçada por novas fatias do mercado mundial; guerra à natureza, pela descoberta e monopólio de novas fontes de matérias primas; e guerra aos seres humanos, pela super-exploração da força de trabalho. A crise leva os EUA a implantar a ALCA a qualquer custo, expandindo a todo continente seu poderio econômico, político e militar, incorporando, colonizando e anexando 34 países das Américas, convertendo-se assim no bloco mais poderoso da economia globalizada. Isso sem falar da contradição e da hipocrisia do governo Bush: ao mesmo tempo que impõe a ALCA no quintal dos outros, pratica dentro de casa um protecionismo aberto e descarado. Onde já se viu livre comércio de mão única!? O capital, produtos, tecnologia e serviços do norte inundarão o sul, mas o caminho inverso terá barreiras a cada esquina. Daí a necessidade de dizer não à ALCA. É uma questão de defender a soberania nacional, diante da voracidade insaciável e da estratégia do Império. Vestir a camisa verde-amarela, desfraldar a bandeira do Brasil, e cantar o hino nacional é trabalhar por um projeto popular alternativo. Torça, reze e lute por um novo Brasil: marque um gol de placa – diga não à ALCA!

https://www.alainet.org/es/node/106102

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