Haiti: repressão a protestos por queda de presidente Moïse deixa 19 mortos em 20 dias
- Opinión
Milhares de pessoas tomaram as ruas do Haiti nas últimas semanas, exigindo a renúncia do presidente Jovenel Moïse. A Rede Haitiana de Defesa dos Direitos Humanos informou que a repressão policial às manifestações entre 16 e 30 de setembro deixou ao menos 17 pessoas mortas e quase 200 feridas, incluindo jornalistas, segundo o site de notícias HPN. Depois do protesto de sexta-feira (4), membros da Brigada de Solidariedade Jean Jacques-Dessalines no Haiti confirmaram a morte de mais duas pessoas, subindo o número estimado de vítimas da repressão para 19.
Na manifestação de sexta-feira, uma das maiores mobilizações das últimas semanas, milhares de pessoas marcharam até a sede da Organização das Nações Unidas (ONU) ao lado do Aeroporto Internacional Toussaint Louverture, na capital do país, Porto Príncipe, para denunciar o apoio da ONU, dos Estados Unidos e do chamado “Core Group” ao governo haitiano.
O Core Group é composto por representantes da ONU, da Espanha, da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da União Europeia, além dos embaixadores da Alemanha, do Brasil, do Canadá, da França e dos EUA.
Embora a manifestação tenha sido pacífica, os arredores da sede da ONU e do aeroporto foram cercados ostensivamente e a polícia atirou gás lacrimogêneo indiscriminadamente na população.
No último ano, os haitianos se organizaram e se mobilizaram contra a corrupção generalizada do sistema político, a imposição de medidas neoliberais para atender as políticas do Fundo Monetário Internacional (FMI) e o alinhamento do governo haitiano aos interesses imperialistas.
A última onda de protestos foi desencadeada por uma crise de abastecimento dos combustíveis, que afetou todos os setores do país, prejudicando o acesso a produtos básicos e o transporte. A escassez também foi a justificativa para o governo de Moïse para aumentar os preços dos combustíveis no país.
No entanto, pouco depois, um repórter da Rádio Ibo confirmou, após visitar o terminal portuário, que 140 mil barris de petróleo do Estado estavam sendo deliberadamente retidos.